ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 11.4.1994.
Aos onze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Segunda Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Nereu D’Ávila, Milton Zuanazzi, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda e João Bosco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Vigésima Primeira Sessão Ordinária e da Quarta Sessão Solene, que foram aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios: nºs 04/94, da Associação dos Servidores de Câmaras Municipais do Estado do Espírito Santo, 05/94, do Presidente da Câmara Municipal de Campo Bom, 179/94, da Câmara Municipal de Minas do Leão; Cartões: do Arquiteto Jorge Debiagi. À MESA foram encaminhados pela Vereadora Maria do Rosário 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/94 (Processo nº 782/94) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 29/94 (Processo nº 756/94). A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento, na Casa, do Senhor Marco Aurélio Dornelles, Presidente da Associação Médica de Acupuntura do Rio Grande do Sul que, nos termos do Requerimento nº 94/94 (Processo nº 723/94) de autoria do Vereador Divo do Canto, discorreu sobre a importância do atendimento aos idosos através da medicina alternativa, lembrando as vantagens da medicina não alopática e tecendo comentários sobre os rumos da nova medicina. Também, discorreu sobre a necessidade de conjugação de técnicas e terapias alopáticas e não alopáticas no atendimento ao paciente. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença na Mesa dos Trabalhos do Senhor José Enedir Francisco, Secretário Adjunto da Secretaria de Esportes e representante do Senhor Prefeito Municipal, e da Senhora Mari Leda Simões dos Santos, Presidente da Sociedade Gaúcha de Homeopatias. A seguir, o Senhor Marco Aurélio Dornelles respondeu às considerações feitas sobre o tema em discussão pelo Vereador Henrique Fontana. Em continuidade, foi aprovado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, solicitando alterações na ordem dos trabalhos da presente Sessão, passando-se ao período de COMUNICAÇÕES, hoje dedicado a homenagear os sessenta e cinco anos do Grêmio Náutico Gaúcho, nos termos do Requerimento nº 04/94 (Processo nº 30/94), de autoria do Vereador Jocelin Azambuja. O Vereador Jocelin Azambuja falou sobre a honra que é homenagear um clube como o Grêmio Náutico Gaúcho, por ser este um clube que além de se preocupar com o esporte náutico, preocupa-se também com o lazer. Lembrou o orgulho que nos causam as diversas equipes deste clube, saudando a sua diretoria e dizendo que o Grêmio Náutico Gaúcho contribuiu para a formação de uma juventude sadia. O Vereador Clóvis Ilgenfritz discorreu sobre suas ligações familiares com o clube ora homenageado, saudando a diretoria e os jovens do Grêmio Náutico Gaúcho presentes no Plenário. Ainda, falou sobre importância social e cultural de clubes como o Grêmio Náutico Gaúcho, referindo-se, também, à Secretaria Municipal de Esportes. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, na Mesa dos Trabalhos, do Senhor José Erni Serverignini de Sousa, Presidente do Grêmio Náutico Gaúcho, do Senhor João Cândido da Silva Carvalho, Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Náutico Gaúcho, do Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa, do Senhor José Enedir Francisco, Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Esportes e representante, neste ato, do Senhor Prefeito Municipal. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças, como extensão da Mesa, dos Senhores Milton Oliveira, Vice-Presidente de Esportes do Grêmio Náutico Gaúcho, e Edaira da Costa, Paulo Moraes e Sônia Pacheco, conselheiros do clube supra citado. O Vereador Nereu D’Ávila declarou que o Grêmio Náutico Gaúcho é uma "máquina de sucesso", discorrendo sobre a moderna infraestrutura técnica de que dispõe esse clube. Ressaltou o trabalho realizado pelos Senhores José Otávio dos Santos Mânica, já falecido, e José Erni de Souza, respectivamente ex-Presidente e atual Presidente do Grêmio Náutico Gaúcho. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor José Erni de Souza, que agradeceu à hoemangem dizendo da responsabilidade que é a direção do Grêmio Náutico Gaúcho para plena sastisfação da sua comunidade de associados. Em continuidade, os trabalhos foram regimentalmente suspensos às quinze horas e trinta minutos, sendo os mesmos reabertos às quinze horas e trinta e três minutos, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Bosco falou sobre Pedido de Informações que dirigiu ao Executivo Municipal a respeito das propriedades de terrenos pela Prefeitura, dizendo de sua insatisfação com a resposta obtida. Também, falou sobre a concessão de alvarás pela Secretaria Municipal da Indústria e Comércio para academias de esportes. A Vereadora Maria do Rosário discorreu sobre a postura da Administração Municipal face aos problemas surgidos na Escola Municipal João Satte com a redução do seu número de vagas oferecidas à comunidade. Protestou contra o tratamento autoritário e antidemocrático dispensado pela Secretaria Municipal da Educação a este assunto, propugnando pela oitiva da comunidade do Parque dos Maias que restou prejudicada. Na ocasião, foi aprovado Requerimento do Vereador Mário Fraga solicitando licença para tratamento de saúde na data de hoje até o dia quinze de abril do corrente ano, dando posse, o Senhor Presidente, ao Suplente Jacão Machado, informado que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja reportou-se ao pronunciamento da Vereadora Maria do Rosário, criticando a postura da SMED no caso da Escola Municipal João Satte. Protestou contra a inexistência de consulta à comunidade, dizendo que não é esta a postura a que se propõe a atual Administração Municipal. Ainda, criticou declarações do Secretário Substituto de Educação acerca dos problemas surgidos na Escola Municipal João Satte. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Letícia Arruada, referindo-se ao caso da Escola Municipal João Satte, propugnou pela investigação das plantas pelas quais a Secretaria Municipal de Obras e Viações deve autorizar a execução de obras. Também, criticou a postura da Administração Municipal, especificamente da SMED, que provoca disputas desnecessárias no interior da comunidade do Parque dos Maias. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Décio Schauren declarou ser justa e legítima a reivindicação dos pais de alunos da Escola João Satte, dizendo que há disposição da SMED para discutir o assunto com a comunidade de pais. Propugnou para uma solução negociada para o caso dos alunos da Escola Municipal João Satte, dizendo que o tratamento dispensado pela Administração Municipal à educação difere daquele dispensado pelo Governo do Estado. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 41/93, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 162 e 153/93, este discutido pelo Vereador João Dib e 22/94, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/94, este discutido pelos Vereadores João Dib e Airto Ferronato; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 08, 10 e 16/94 e 159/93, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/94; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 39/93 e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 10/94. Após, o Senhor Presidente reportou-se à Questão de Ordem levantada pelo Vereador Nereu D’Ávila, na Sessão Ordinária do dia oito do corrente, relativa ao decoro parlamentar, lendo texto do artigo 217 do Regimento Interno. Na ocasião, o Vereador Nereu D’Ávila solicitou que fosse encaminhado à Auditoria da Casa questionamento relativo à natureza jurídica da inviolabilidade do Vereador e suas repercussões no decoro parlamentar. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 73/93 que, a Requerimento, aprovado, do Vereador Jocelin Azambuja, teve adiada sua discussão por uma Sessão. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 133 e 152/93. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 04/94 e a Emenda a ele aposta, após terem sido, Projeto e Emenda, discutidos pelos Vereadores Airto Ferronato e João Motta. Ainda, foram aprovados Requerimentos dos Vereadores Wilton Araújo, Jocelin Azambuja e João Verle, solicitando, respectivamente, dispensa da votação das Redações Finais dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 133 e 152/93 e do Projeto de Lei do Executivo nº 04/94. Também, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Fernando Zachia, de Voto de Congratulações com o Barranco Bar e Churrascaria Ltda., pela passagem de seus vinte e cinco anos de fundação; do Vereador Guilherme Barbosa, de Moção de Apoio ao Congresso Nacional, solicitando a inclusão de dispositivos, no projeto de conversão da Medida Provisória 457, que contemplem a obrigatoriedade de recuperação das perdas salariais na data-base de cada categoria, pela inflação acumulada no período anterior, recomendando que se busque, também, o aumento obrigatório do salário-mínimo, recuperando seu poder de compra e que se aponte a previsão de uma política salarial, após a implantação do real; do Vereador Jocelin Azambuja, solicitando que seja instituída, de vinte e dois a vinte e oito de agosto do corrente ano, a Semana Getúlio Vargas, e na data de vinte e quatro do corrente ano seja realizada uma Sessão Solene para prestar homenagem pela passagem do quadragésimo aniversário de morte do ex-Presidente Getúlio Dornelles Vargas; do Vereador Pedro Ruas, de Voto de Congratulações com o Sport Club Internacional, pela passagem de seu octogésimo quinto aniversário. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Fernando Zachia comentou decisão do PT no sentido de identificar no candidato do PMDB ao Governo do Estado, ex-Deputado Antônio Britto, o principal adversário da companha ao pleito estadual. Comentou a ocupação de área pública pelo estádio do Internacional, propugnando por permuta que envolva o atual Estádio dos Eucaliptos. A Vereadora Helena Bonumá comentou os problemas surgidos com a escola infantil na localidade da Nova Gleba, classificando como "exagerada" a dimensão dada a esse problema por alguns Vereadores desta Casa. Disse que esse caso envolve conflitos internos da comunidade local, ressaltando o tratamento dado pela SMED ao assunto. Ainda, reportou-se ao pronunciamento do Vereador Fernando Zachia no tocante à candidatura do Senhor Antônio Britto. Às dezessete horas e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato e Wilton Araújo e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Airto Ferronato, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Registramos a presença, neste Plenário, do Dr. Marco Aurélio Dornelles,
Presidente da Associação Médica de Acupuntura do Rio Grande do Sul, que vai
discorrer sobre a importância do atendimento aos idosos através da medicina
alternativa, de acordo com o Requerimento nº 94/94, Proc. 723/94, de autoria do
Ver. Divo do Canto.
O Sr. Marco Aurélio Dornelles é Mestre em Fisiologia da UFGRS,
especialista em Acupuntura pela Academy Traditional Chinese Medicine de Pequim,
China, e atual Presidente da Sociedade Médica de Acupuntura do Rio Grande do
Sul. É Diretor do Hospital de Cachoeirinha.
Encontra-se presente, também, o Sr. José Enedir Francisco,
representando o Prefeito Municipal. Ele é Secretário-Adjunto da Secretaria de Esportes.
Registramos também a presença da Sra. Mari Leda Simões dos Santos, Presidente
da Sociedade Gaúcha de Homeopatia.
O Dr. Marco Aurélio Dornelles está com a palavra.
O SR. MARCO AURÉLIO
DORNELLES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é um prazer falar com os senhores e expor um
projeto no qual fui assessor do Ver. Divo do Canto, a respeito de um assunto
muito pertinente, haja vista que já existe esse tipo de medicina, que é
considerado medicina não-convencional, não-alopata, implantada já pelo Governo
do Estado. Já está funcionando desde 1988, 1989, no Centro de Saúde Modelo, que
também foi um projeto de minha autoria. Houve, então, a implantação e, a partir
dos resultados, é que se multiplicaram interesses em Porto Alegre, cada vez
mais, por esse tipo de medicina, uma vez que, tanto a medicina convencional
quanto a medicina chamada tradicional chinesa vêm despertando a busca, cada vez
mais incessante, tanto do público leigo, que busca uma outra forma para se
tratar, quanto dos próprios médicos, que estão buscando também uma outra forma
de procurar oferecer um tratamento a mais a seus pacientes, haja vista que a
própria medicina está entrando numa fase de, até de certa forma,
questionamento. Então, tendo em vista essa fase de questionamento é que surgiu o
crescimento das medicinas chamadas não-ortodoxas, não-alopáticas, que é o termo
que eu prefiro mais.
Em relação a isso, gostaria de tecer alguns comentários em função da
nossa medicina, que é dita científica, em termos, porque foi a primeira que se
desenvolveu e sobre a qual se lançaram todas as bases de tratamento e terapia e
que também é chamada de alopática. Como vocês podem observar, esse tipo de
medicina é embasada num conceito mais mecanicista e baseada num efeito de ação
e reação, onde o tratamento se faz em cima de sintomas. Então, o médico trata,
procura avaliar o que existe, aquele conjunto de sintomas, e, então, é lançada
uma terapia onde o objetivo primordial, a base desse tipo de medicina, a
medicina alopática, é a medicina que visa a curar sintomas.
A própria formação médica nossa, convencional, do Ocidente, leva a que
cada vez mais o médico procure os grandes centros. Onde há o quê? Uma série de
estruturas e base para a sua formação. Com isso o jovem médico sente-se mais
atraído por essas técnicas mais refinadas de diagnósticos e de tratamento e, ao
final da sua formação, a tendência é que esse jovem médico procure uma
especialidade, desprezando, de certa forma, ou não se interessando pela
medicina que agora está surgindo um pouco mais, que é a medicina comunitária, a
medicina que trata diretamente com o paciente, até vai ao encontro do paciente
- e é, no meu entender, a medicina comunitária aquela velha busca do médico de
família, onde ele procura se integrar mais com o paciente, com a pessoa e com
todos os seus familiares. Agora: não há uma procura muito intensa devido à
própria formação acadêmica, à busca por um maior número de especializações, e
isso leva a uma segmentação. Então, o indivíduo é tratado de um olho por um
oftalmologista; se quebrou um osso, é tratado por um ortopedista. Cada vez mais
o indivíduo é um ser segmentado pela nossa medicina ocidental, levando a um
aumento de gastos médicos.
A especialização é necessária, e muito, só que não há a necessidade de uma hipertrofia, como vem acontecendo nesses tempos, aumentando os gastos médicos no aspecto de diagnósticos e terapias principalmente. Associado a esse fator, quando é feito o diagnóstico do indivíduo, ele terá que fazer um tratamento. Aí é fácil de observar o caos em que se encontra, atualmente, a nossa medicina no aspecto social. Mesmo no hospital onde trabalho é com grande dificuldade que consigo medicações para atender à população, é muito esporádico. Um caos geral está se instalando. Por outro lado, os critérios industriais, a própria indústria farmacêutica insiste em oferecer para o médico um "marketing" de novos medicamentos, fazendo com que prescreva uma série de medicações, gerando a "empurroterapia". É a massificação, a proliferação medicamentosa, com quatro ou cinco remédios com a mesma base. Isso também gera as iatrogenias e o aumento da infecção hospitalar, cuja influência é cada vez mais danosa para o paciente que tem que se internar. Então, para um paciente que procura um hospital o conselho que se dá é de que quanto mais rápido ele sair melhor, senão pode adquirir doenças que não tinha e de mais difícil tratamento. Tudo graças à proliferação de antibióticos e pelo conceito do médico e do próprio paciente, com o uso excessivo de medicações, o que está levando a uma crise na confiança dos serviços médicos. Essa crise tem levado ao crescente processo que há contra os médicos, principalmente em nível de Estados Unidos, mas que, cada vez mais, está crescendo e aparecendo aqui - as chances do erro médico - e, com isso, o número de processos de pacientes contra médicos e contra hospitais também tem crescido, claro que em uma proporção bem menor. Isso denota que há uma crise de confiança. Antes, o médico era tido como um deus, como um ser magnânimo que não podia nem adoecer. Agora ele é visto como um mortal qualquer que também está errando, e graças a uma série de fatores. Faltam outros fatores sobre os quais não cabe a mim, aqui, discorrer, como uma série de empregos, dificuldades e pressão no trabalho, fazendo com que aumente o erro, mas, em síntese, é a falta de confiança que está acontecendo de parte da população para com o médico e esse tipo de tratamento.
Em relação à medicina que chamamos de não-alopática, natural ou alternativa, que é mais comum, ela abrange uma série de outras. Ela começou a surgir exatamente embasada nesses conceitos, nessa descrença que começou a aparecer cada vez mais na medicina. Então, começaram a surgir fórmulas alternativas de aplicações de uma série de métodos. Aqui, no nosso entender, existem medicinas boas e outras que estão fazendo parte da mesma área da atuação onde estão sendo coletados todos esses tipos de medicina. Também aqui cabe diferenciar o que é bom e o que é ruim. Há uma proliferação baseada nesse fator. O surgimento do conceito geral da medicina dita não-alopática é porque, antes, a medicina existia em função de um conceito mais mecanicista. Começou a surgir agora o conceito de origem de física, onde o indivíduo não é uma estrutura tão mecânica, mas uma estrutura integrada no seu universo. Surge, aqui, com Einsten, um conceito de energia e matéria, que antes era visto mais em síntese na área de matéria, e agora está se observando um conceito de energia. Então, a fundamentação desses tipos de medicina baseia-se num conceito mais energético e material do ser. O objetivo, então, é tratar o doente e não a doença, como antes se podia observar, como ainda é, em muitas vezes, observado.
O conceito e a intervenção que se tem com esse novo tipo de medicina é alterar o conceito mecanicista para um tipo de medicina mais integral, onde se pode observar o indivíduo como um todo, e não mais segmentado. Nesse aspecto, há a idéia de se criar uma nova medicina e de reestruturá-la. Assim como está havendo uma modificação em nível de engenharia com o conceito de reengenharia, também posso citar essa necessidade de mudança da medicina e colocar um novo conceito de remedicina, se assim pudéssemos dizer.
Essa nova medicina existe sob um tópico que atualmente se denomina de holística e que aceita todas as formas de tratamento, entre todas, a mais útil em cada circunstância e para cada personalidade. Então, novamente, aqui, o indivíduo tem que ser avaliado e conceituado para se determinar qual o tipo de medicina a ser escolhido.
Gostaria de mostrar aos senhores alguns resultados de quando eu era
coordenador do Centro de Saúde Modelo, demonstrando o interesse da própria
população pela busca desse tipo de serviço. Bastou inaugurar-se o ambulatório
para haver grande procura da população, porque há uma mudança de conceito nesse
aspecto e, com isso, a procura foi bastante intensa. Isso foi em 91. Até agora
existe essa busca, que está esbarrando, principalmente, na formação de recursos
humanos. Também há um levantamento estatístico daquela ocasião, em podemos
observar que a maior procura era pelo sexo feminino do que pelo sexo masculino,
embora exista uma procura bastante intensa pelo sexo masculino. A idade de
buscar e procurar é na faixa etária considerada como a terceira idade, onde
começa o pico declinante das pessoas - é o que dizem. Muitas vezes, é por aí
que começa, é a chance de o indivíduo adquirir doenças. Então, começa na faixa
etária dos quarenta e cinco anos até os sessenta e cinco anos, mas com índice
maior entre cinqüenta e cinco e sessenta e cinco anos, o que demonstra uma
busca mais pelas características próprias das doenças, das patologias que têm
que ser tratadas nessa faixa etária, que é a terceira fase, sendo a dor a maior
causa para o procura desse tipo de tratamento.
Eu posso citar aqui formas de terapias que existem funcionando no
Centro e que eu gostaria de ver também funcionando no Município e em outros
centros também, como difusão da medicina, que seriam a Homeopatia, a Acupuntura
- que utiliza agulhas como tratamento, como recurso terapêutico -, a Homeopatia
- que utiliza uma série de medicações bem mais sutis, mas lançando mão de
medicação de natureza mineral e vegetal, de uma modalidade até animal, porque,
muitas vezes, o veneno de cobra, utilizado em porções ínfimas, é uma forma de
tratamento; então, dentro de certos critérios de diluição, é a modalidade de
tratamento pela Homeopatia. Outra forma, utilizando recursos da natureza, como
as plantas, é a Fitoterapia, que é o nosso grande recurso, o nosso grande
laboratório com uma imensidão a oferecer e a estimular a própria população a
plantar e, com orientação, a se medicar. Os próprios Florais de Bach utilizam
essência da flor. A Programação Neurolingüística também está implantada com a
finalidade de reprogramar o nosso computador, que é o nosso cérebro. Resumindo,
todos são recursos naturais que procuram não agredir tanto o indivíduo.
O Centro Integrado de Atendimento ao Idoso, que é o objetivo do projeto
do Ver. Divo do Canto, é a integração desses dois tipos de medicina. Apesar de
eu ter exaltado um pouco mais essa alternativa, acredito que ambas as medicinas
têm de correr juntas, porque são partes de uma mesma moeda, para o objetivo
final, que é o tratamento do indivíduo como um todo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do
Dr. Marco Aurélio Dornelles, que discorreu sobre as possibilidades desse novo
tipo de medicina e sobre o projeto do Ver. Divo do Canto.
O Ver. Henrique Fontana está com a palavra.
O SR. HENRIQUE
FONTANA: Em
primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o Dr. Aurélio pela sua exposição e o
Ver. Divo do Canto pelo fato de ter trazido a nossa Câmara esta discussão sobre
os rumos que são tomados pela medicina e pela atenção à saúde de hoje não só no Brasil como no mundo todo.
Não irei reportar-me ao projeto, que realmente demanda uma outra discussão
política, mas à importância ressaltada pelo Dr. Marco Aurélio, do espaço que se
abre atualmente para os novos tipos de prática dentro da atenção à saúde da
população.
Quero reforçar a colocação do Dr. Marco Aurélio sobre a crise da
medicina alopática e da superespecialização. É uma crise incontornável, haja
vista o exemplo mais acabado que nós temos no planeta, que é o sistema de saúde
norte-americano, onde os gastos com saúde por habitante são astronômicos e o
nível de insatisfação do usuário do sistema de saúde também é muito grande. Nós
entendemos que, ao longo da história da medicina e da atenção à saúde, muitas
questões foram determinadas por interesses históricos e comerciais,
principalmente a falta de pesquisa e desenvolvimento nas áreas chamadas de
medicina alternativa, que eu acho que não é um bom nome para definir essas e
outras práticas de medicina porque elas são tão ou mais eficazes do que a
medicina alopática, dependendo do paciente e da situação que nós estamos
vivenciando.
Como médico e como Vereador, faço votos de que, cada vez mais, o
sistema de saúde incorpore outras práticas de medicina que convivem com a
medicina alopática e que não se tenha um deslocamento completo da atenção à
saúde para uma só área que, em muitos momentos, não consegue dar as melhores
respostas ao paciente e à busca do bem-estar e da manutenção da saúde.
Quero, em nome do PT, ressaltar a importância desta discussão. Nós
temos divergências em relação ao projeto, mas que não se confundem com o
objetivo de ampliar o espaço de outras práticas de saúde que não a medicina
alopática. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Dr. Marco Aurélio está
com a palavra para suas considerações finais.
O SR. MARCO AURÉLIO
DORNELLES:
Eu concordo com o Ver. Henrique Fontana. É uma comunhão de idéias. Espero que
projetos como esses que estão iniciando aqui no Plenário sejam embriões do
surgimento de outros e que eles possam se multiplicar, cujo objetivo final é a
busca dessa nova medicina que, a meu ver, é a integração das duas medicinas.
Nesse aspecto, agradeço o espaço que me foi oferecido para poder falar alguma
coisa em quinze minutos. Foi um pouco atropelado, mas, de qualquer forma, fico
à disposição para maiores esclarecimentos no futuro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós, da Câmara Municipal,
agradecemos a presença do Dr. Marco Aurélio Dornelles, que vem honrar esta Casa
com seu pronunciamento e, como ele mesmo disse, num tempo bastante exíguo, mas
que foi suficiente para que os Vereadores pudessem tomar conhecimento da
importância deste Projeto que tramita aqui, de autoria do Ver. Divo do Canto,
das suas possibilidades e de alguma coisa que não pode ficar alheia a esta
Casa: as modificações que são necessárias no campo da medicina. Muito obrigado
por sua presença e saiba que esta Casa fica aberta para qualquer esclarecimento
maior numa possível volta futura do senhor a este Plenário.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Requeiro a inversão da ordem dos trabalhos de forma
que ocorra a antecipação do período de Comunicações.
O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento de
autoria do Ver. Jocelin Azambuja. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos, portanto, ao período de
Hoje este período será dedicado a homenagear os 65 anos do Grêmio
Náutico Gaúcho, nos termos do Requerimento nº 04/94, do Ver. Jocelin Azambuja.
Mais uma vez cabe ressaltar que o requerente da homenagem terá espaço normal no
período de Comunicações para fazer a saudação, como também os outros Vereadores
inscritos, que também, assim querendo, poderão utilizar o seu tempo para fazer a
saudação, ou então a cedência, ao Grêmio Náutico Gaúcho, que é o motivo da
homenagem.
Vamos suspender por um minuto até que os nossos convidados passem ao
Plenário.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h47min.)
O SR. PRESIDENTE (às
14h51min): Reabrimos
a Sessão com o período de Comunicações, de acordo com o Requerimento do Ver.
Jocelin Azambuja, período que foi antecipado para nós prestarmos esta homenagem
aos 65 anos de fundação da Sociedade Grêmio Náutico Gaúcho.
Convido para compor a Mesa: o Exmo. Sr. Presidente do Grêmio Náutico
Gaúcho, Dr. José Erni Serverignini de Souza; o Exmo. Sr. Presidente do Conselho
Deliberativo do Grêmio Náutico Gaúcho, Dr. João Cândido da Silva Carvalho; o
Exmo. Jornalista Firmino Cardoso, representante da ARI; e o Sr. José Enedir
Francisco, Secretário-Adjunto da Secretaria Municipal de Esportes,
representando o Sr. Prefeito Municipal.
A palavra está com o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Hoje nos parece ser um dia
muito importante para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre por podermos
prestar uma homenagem a um clube que é um símbolo da nossa Cidade de Porto
Alegre: o Grêmio Náutico Gaúcho, que há sessenta a cinco anos atrás foi fundado
por um grupo de porto-alegrenses preocupados com o esporte náutico. Quero aqui
deixar registrados os nomes dos Srs. Pinto Barcelos, Gil Azambuja Fortuna,
Agnelo Deluca, Alfredo Streppel, Ernesto Bulau, Olinto San Martin, Rodolfo
Bulau e Zeferino Ribeiro, que foram os fundadores do Grêmio Náutico Gaúcho.
O Grêmio Náutico Gaúcho foi crescendo ao longo desses anos, tornando-se
um clube para o lado do lazer, da recreação, do desporto, para a parte cultural
e educacional. Isto é importante: um clube que não fique voltado apenas para o
lazer, mas que envolva todas as demais atividades. O Gaúcho tem um trabalho nos
esportes, com as suas piscinas e com tantas conquistas das suas equipes de
natação, que são um orgulho para todos nós em nível de Rio Grande do Sul, em
nível nacional. Nós temos também, dentro do Gaúcho, o trabalho do futsal, do
vôlei, um trabalho importantíssimo na área do ciclismo, com competições em que
o Gaúcho se fez representar de maneira extremamente positiva e defendendo esse
esporte que cada vez mais cresce dentro da nossa Cidade, no Estado, e que cada
vez mais faz as nossas autoridades se preocuparem com a importância do
ciclismo.
Aqui vale uma reflexão, porque, em frente ao Grêmio Náutico Gaúcho, nós
temos o Parque Marinha do Brasil, local onde existe uma pista para corridas de
ciclismo, que não é a ideal, mas que um dia será, e, por outro lado, ali se
projeta o estímulo para que o Executivo Municipal construa uma ciclovia para
servir como um processo de educação para a utilização do veículo bicicleta na
nossa Cidade, e nada melhor do que dentro dos próprios parques para começarmos
um processo de educação fundamental. E o Gaúcho tem feito esse trabalho, ao
longo dos anos, de procurar estimular o aspecto sadio do desporto junto à
comunidade, a nós, associados, a todos aqueles que estão envolvidos com a
formação sadia da nossa juventude. Nós temos ali presentes jovens de diversas
atividades esportivas do Grêmio Náutico Gaúcho, que representam para nós,
sociedade, algo extremamente importante: o futuro de nossas gerações, gerações
sadias, gerações com a mente e o físico sadios. E o Grêmio Náutico Gaúcho tem
essa preocupação ao longo de todas as diretorias, nesses sessenta e cinco anos,
dos seus membros do Conselho Deliberativo. Houve sempre uma preocupação profunda:
a boa formação da juventude. Lá existe um jardim de infância - O Piazito -, que
funciona e é reconhecido pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do
Sul, servindo aos associados, juntamente integrados a um processo de formação
que deve existir para a juventude.
Vejam que, no momento em que todos estamos preocupados, como sociedade,
com o problema das drogas, os problemas que envolvem a nossa juventude, os
aspectos negativos trazidos pelos meios de comunicação, muitas vezes, na
formação dessa juventude, justamente os clubes sociais - aí o exemplo do Grêmio
Náutico Gaúcho - são importantíssimos neste processo de abrir espaços para que
a juventude possa desenvolver-se de forma positiva, preparar-se para um futuro
sadio. Nós, pais da comunidade Menino Deus e de outras comunidades... Porque o
Grêmio Náutico Gaúcho tem a sua base mais forte dentro do Menino Deus, mas
recebe associados de toda a Porto Alegre, e justamente ali, dentro do Grêmio
Náutico Gaúcho, há a vida saudável do desporto: as suas piscinas - agora, dia
7, foram reinauguradas, dando condições grandiosas para dar atendimento à
juventude; tem incorporado ao seu patrimônio o Clube Social Menino Deus; tem
sede campestre, localizada lá em direção a Belém Novo, justamente ampliando, dando
mais condições aos associados. Vejam: isso tudo para desenvolver o desporto.
Depois de reinauguradas as piscinas térmicas, a prática da natação
voltou como um esporte forte dentro do clube, fazendo com que cada vez mais a
juventude ali tivesse um espaço sadio. Por isso que é importante que procuremos
estimular essas práticas saudáveis, positivas, para que os clubes não se
restrinjam apenas à parte social, à festa, ao baile, mas que eles invistam,
como investe o Grêmio Náutico Gaúcho, muitos dos recursos dos seus mais de
vinte mil associados naquilo que é importante para toda a sociedade, que é uma
prática desportiva sadia, que é a formação dessas gerações que precisam ser
orientadas para um caminho positivo. E essa é uma obrigação da Diretoria atual
do Grêmio Náutico Gaúcho, das novas diretorias, do Conselho Deliberativo, de
todos os seus membros: procurar fazer com que a juventude sinta-se num ambiente
fraterno e positivo de desenvolvimento físico e mental para que, em vez de
andar pelas ruas do Menino Deus, ao sair da escola rume para o Grêmio Náutico
Gaúcho, praticando o desporto, continuando o processo de formação tão
importante e necessário para todas as famílias.
Por isso é que nós nos sentimos até compungidos a fazer esse tipo de
manifestação aqui desta tribuna. Aqui temos vários outros colegas que são
associados do Grêmio Náutico Gaúcho, mas era importante que se fizesse uma
reflexão sobre esse aspecto positivo, até porque não são muitos os clubes em
Porto Alegre que têm sessenta e cinco anos de vida, de trabalho intenso e de
crescimento. Porque a linha de crescimento do Gaúcho é ascendente, total. Se
olharmos a sua história, veremos que ele tem sessenta e cinco anos, o que é
pouco tempo de vida para um clube, mas que cresceu numa linha ascendente graças
a essa preocupação constante com a juventude. Preocupam-se conosco, os
associados mais velhos, nas festas, mas a base de todo o trabalho está voltada
para a sua formação do desporto, para a formação das futuras gerações. Isso é
fundamental.
Nós, cidadãos de Porto Alegre e membros da Câmara de Vereadores, temos
interesse em que os clubes sociais invistam na juventude, dando condições para
que possa crescer e nós possamos, então, cumprir com o nosso dever de cidadãos,
que é o de possibilitar às novas gerações melhores condições de vida. Temos
certeza de que o Presidente Erni, toda a sua Diretoria, o Conselho, todos
estarão voltados, sempre, para esse espírito de fazer, cada vez mais, os
investimentos do clube serem voltados à formação das novas gerações, ao
investimento maciço das verbas do clube em dar condições para a juventude estar
dentro do Gaúcho, seja na sede campestre, seja no Menino Deus, fazendo-nos
sentir que estamos cumprindo, cada vez mais, com o nosso dever para com as
novas gerações.
Parabéns ao Grêmio Náutico Gaúcho, a sua Diretoria, a todos os atletas,
desejando que possamos dar continuidade a esse trabalho tão positivo ao longo
dos anos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero registrar as
presenças do Vice-Presidente de Esportes, Sr. Milton Oliveira, dos
Conselheiros, a Sra. Edaira da Costa, da Sra. Sônia Pacheco, que é nossa colega
de Câmara Municipal, companheira do nosso querido amigo Nereu D’Ávila, e do Sr.
Paulo Moraes, atletas e funcionários do Clube, prestigiando esta solenidade.
Com a palavra, o Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os demais componentes de Mesa.) A Bancada do PT me designou
para saudar os sessenta e cinco anos dessa organização que tanto orgulha Porto
Alegre. Nossos nove Vereadores, entre eles, o nosso Líder, Ver. João Verle, é
sócio do clube, assim como o meu irmão Renato Ilgenfritz da Silva, que faleceu
no ano passado, também era sócio. A família continua lá - minha cunhada,
sobrinha - e por eles e também por muitas ocasiões participei de reuniões onde
o Grêmio Náutico Gaúcho oferece a sede para a comunidade, uma coisa que nos é
muito importante.
Não sou sócio do Gaúcho. Fui, com meu irmão, lá várias vezes, mas
freqüentei também como um cidadão que tem um endereço onde se reunir. Queria
saudar também os jovens atletas e sócios do clube, conselheiros aqui presentes.
É muito importante que a sociedade tenha esse tipo de organização para
conviver, para lazer, para cultura e para o esporte.
O nosso homenageado de hoje, o Grêmio Náutico Gaúcho, tem a
característica de ter nascido sob o signo do esporte. Acho que isso é uma
questão importantíssima, pois hoje estamos homenageando o Grêmio Náutico Gaúcho
exatamente com um representante do Prefeito. Não existia ainda esse tipo de
organização dentro da estrutura da Prefeitura. Hoje está aqui o Secretário de
Esportes da Prefeitura. Esse é um dado significativo no sentido de que há um
interesse convergente entre essa sociedade que há sessenta e cinco anos tem
engrandecido o nome da nossa sociedade como um todo, tem abrigado tanta gente,
tem dado esses momentos de prazer, de cultura, e nós estamos tentando valorizar
ao máximo essas iniciativas, porque a Secretaria de Esportes não é uma Secretaria
que vai trabalhar apenas com aquela visão do que o Município vai fazer através
de uma Secretaria, mas, sim, da valorização que o Município deve dar ao que já
existe, em especial, a um clube com esse porte e que já congrega a sociedade,
que já faz um trabalho enorme, que já possui um patrimônio do ponto de vista
político-social imenso e que deve ser objeto dessa valorização.
Temos também a satisfação de relatar o interesse que notamos não só
entre os Vereadores, mas também pelo Sr. Prefeito Municipal - desta e da
Administração passada -, para que as questões do esporte, do lazer e da
formação de associações nesta Cidade sejam incentivadas. Ali mesmo, na região
onde se situa o Grêmio Náutico Gaúcho, temos o problema do Estádio dos
Eucaliptos para resolver e temos contato com muitos sócios desse clube para
pressionar uma solução para o uso daquele local. Hoje estamos fazendo um
trabalho junto com alguns Vereadores, junto ao Prefeito e à Direção do
Internacional para que haja uma permuta de áreas que hoje o Internacional ocupa
por aquele estádio - que está praticamente abandonado - para que a Prefeitura
faça ali um local de esportes e lazer, e não o que hoje está acontecendo.
Queria deixar registrada, em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, para conhecimento da Direção e associação aqui presentes, nossa
enorme satisfação em poder saudá-los, dar nosso abraço pelos sessenta e cinco
anos e desejar que continuem servindo a toda a comunidade porto-alegrense, em
especial da Cidade Baixa, do Menino Deus e de toda aquela região. Meus
cumprimentos. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Nereu
D’Ávila.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sr. Milton Torres, técnico das escolinhas de futebol de salão,
demais Conselheiros e, em especial, as Conselheiras Edaira da Costa e Sônia
Pacheco. Lembro-me de outro ano de homenagem ao Grêmio Náutico Gaúcho em que o
Ver. Lauro Hagemann referia, com muita propriedade, os tempos em que o rio
Guaíba ia até onde hoje está a Av. Praia de Belas, em frente ao Grêmio Náutico
Gaúcho. O Grêmio Náutico Gaúcho é oriundo de 1929. São sessenta e cinco anos
bem vividos: a época do “crack” da Bola de Nova York, antes da Revolução de
1930, em que o nosso conterrâneo Vargas levou a modernidade industrial ao nosso
País. Por isso que ele veio de longe, como diria o companheiro Brizola, a cada
ano renovando essas expectativas, mas a cada ano, sem dúvidas, nós temos novos
motivos para incorporar a nossa saudação, porque o Gaúcho é uma máquina de
sucesso, uma máquina de evolução não só administrativa, mas também, o que é
principal, de recursos humanos.
Já se falou aqui a respeito da piscina, do ginásio maravilhoso que foi
inaugurado na semana passada, no meu entendimento - e quero que relevem a minha
opinião a respeito desse assunto -, toda essa história que vem acumulando, nas
questões do esporte, nas questões do patrimônio, um fantástico conjunto de
obras e cujo sucesso o esporte também vem acompanhando, de toda essa história
tirando a primeira parte, naturalmente, porque foi aquela em que Porto Alegre e
o próprio mundo viviam numa outra circunstância. Não era essa circunstância
avassaladora de progresso, agora técnico, de desenvolvimento da própria cultura
corporal, mas, nas últimas fases, eu creio, o Gaúcho se dividiu, se levantou,
recebeu uma fantástica lufada de dinamismo, de progresso, de reconstrução do
clube, de pedalar de uma maneira acelerada em relação ao século XXI com o
Presidente Mânica.
O atual Presidente Erni de Souza viu emocionado a viúva do Presidente
Mânica e seus dois filhos descerrarem a placa que deu o nome dele para o
fantástico ginásio de esportes que, semana passada, tivemos ocasião de
presenciar junto com o Ver. João Bosco Vaz, também do nosso partido, que
relevante serviço prestou através do esporte ao Grêmio Náutico Gaúcho - e por
isso lhe foi conferido o título de Sócio Benemérito do Grêmio Náutico Gaúcho.
Nós estávamos lá, junto com o Ver. Jocelin, para descerrar aquela placa que
homenageou o Mânica, mas, sem dúvida, sei que o Erni não vai gostar do que eu
vou dizer agora, porque ele é um homem extremamente modesto e humilde - mas
talvez aí esteja sua grandeza: ele representa, junto com a sua Diretoria, com
seu Presidente de Conselho, com os Conselheiros... Inclusive foi homenageado o
Milton Oliveira, que aqui está, e sua esposa, que não está aqui, arquiteta, mas
que não podemos deixar de lembrá-la porque grande serviço prestou à construção
daquele ginásio, e lá foram, então, destacados. Mas essa lufada de progresso a
que me refiro, que o Erni, depois do Mânica, e a sua Diretoria e essa nova
geração ocasionou no corpo de Conselheiros e de lideranças do Gaúcho, sem
sombra de dúvidas, faz com que o Gaúcho esteja se agigantando no cenário
esportivo de Porto Alegre, inclusive em todos os setores, porque, depois de
sessenta e cinco anos de absoluto machismo, nós vimos agora que, pela primeira
vez, foi consentida a presença de mulheres no Conselho Deliberativo, que estão
aqui - a Ieda e a Sônia - e recebem também nossas homenagens.
Isso mostra o quanto o Gaúcho está-se rebelando contra as velhas
práticas de conservadorismo, de questões fechadas e de questões que não
abrangem todo o progresso que se avoluma ao final do século XX, em busca do
terceiro milênio. Eu creio que hoje, que é uma data redonda, sessenta e cinco
anos... E lá está o nosso Coronel, que é sócio e costuma freqüentar
assiduamente o Grêmio Náutico Gaúcho. Enfim, essas pessoas agora se dedicam de
corpo e alma às proposituras no novo século, que, sem dúvida, irão nos apanhar
com aquela volúpia do que é novo e do que pode recomeçar. É nesse sentido, sem
nenhum desdouro a todo o trabalho ao longo dessas seis décadas e meia, pois foi
nessas duas últimas décadas que Mânica e agora, certamente, o Erni, e que
apenas representam um conjunto de trabalhos, porque sozinho ninguém consegue
coisa alguma... Eles têm uma maneira conjunta, harmônica, de trabalho e que
cuja Diretoria sempre é toda chamada. Nunca, quando fomos lá, só o Presidente
foi chamado, mas sempre todo o conjunto, e por isso, eu creio, está com esse
enorme sucesso.
A Bancada do PDT não poderia se omitir quando, pela passagem desses
sessenta e cinco anos, hoje recebe do Poder Legislativo da Cidade a homenagem.
Posso dizer que tenho podido acompanhar não só o trabalho, mas a praticidade do
que está ocorrendo lá, com maravilhosos recursos humanos. Posso testemunhar
que, efetivamente, a desenvoltura da engrenagem está, agora, funcionando a
pleno vapor. Por isso, creio que hoje, assim como tentei fazer uma globalização,
chego ao paradoxo de que tudo depende de todos, mas simbolizado em uma
liderança séria, constante, com que os senhores lideram o clube e, agora, com a
aquisição do Clube Menino Deus, avançando enormemente o patrimônio do Gaúcho,
que já é incomensurável, em uma área fantasticamente valorizada.
Por isso, Erni, na tua pessoa, porque tu és o líder reeleito e,
portanto, já consagrado pela família gaúcha, recebe, juntamente com tua
Diretoria, o Presidente do Conselho, João Cândido, e os demais aqui presentes,
de nossa parte, que fazemos força para representar condignamente o povo de
Porto Alegre, as justas e merecidas homenagens por esses sessenta e cinco anos
de lutas, porém de inauditas glórias em nome da sociedade e do esporte gaúcho.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos para fazer uso
de nossa tribuna, em nome do Grêmio Náutico Gaúcho, o Dr. José Erni de Souza,
Presidente daquela agremiação.
O SR. JOSÉ ERNI DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Realmente,
quando uma Casa que representa o povo de Porto Alegre presta, pela segunda vez,
uma homenagem ao nosso Clube, sentimos uma grande responsabilidade no sentido
de continuar com esse trabalho de desenvolvimento em prol da Cidade de Porto
Alegre e, em específico, do Bairro Menino Deus. Dirigir um clube do tamanho do
Grêmio Náutico Gaúcho não é fácil, mas nós estamos imbuídos, cada vez mais, em
fazer esse trabalho com o afinco de atingir os objetivos que são exigidos pelo
nosso quadro associativo. Nosso clube é dirigido por um grupo, e, dentro desse
grupo, deve ser escolhido um Presidente: eu fui o escolhido. Dentro desse
espírito de grupo, estamos dirigindo essa entidade que é voltada à atividade
esportiva através da formação do homem, pois o nosso clube dedica-se às áreas
de atividades infantis.
Eu sempre comento que o crescimento que o clube teve, nessa fase de
crescimento, deu-se através da criação da primeira atividade infantil: o jardim
de infância. Naquela época, o clube estava um pouco estacionado em seu
crescimento. Com a nova Direção do clube, criamos o jardim de infância, que foi
o primeiro passo na tentativa de trazer as crianças para o clube e de formar um
espírito esportivo nessas crianças. Hoje o nosso clube possui vinte e quatro
mil associados aptos a usar suas dependências. Temos dois mil e quinhentos
alunos freqüentando o clube. Isso nos proporciona uma segurança em termos de
receita e com isso podemos também investir no patrimônio do clube. A situação
de um clube só pode ter resultado se tivermos um quadro coeso, um quadro
participativo dentro da sociedade, e, graças a Deus, nosso clube possui uma
gama de associados que nos permite e que nos dá coragem de crescer cada vez
mais, sempre criando novas obras, aumentando o patrimônio, oferecendo novas
opções de lazer.
Quero deixar um agradecimento ao Vereador que propôs essa homenagem ao
Grêmio Náutico Gaúcho e aos demais Vereadores que usaram a palavra. E que fique
gravado nesta Casa que essa manifestação dada ao nosso clube nos deixa num
compromisso muito forte, porque o Gaúcho não pode desapontar os senhores, que
são os Vereadores representantes do povo porto-alegrense, desta Cidade-sorriso,
desta Cidade simpática, onde nasci e que muito amo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos dizer que é sempre
motivo de júbilo para esta Casa poder homenagear as forças vivas de nossa
sociedade e aqui está a oportunidade que temos, através do Requerimento do Ver.
Jocelin Azambuja, de prestarmos a nossa homenagem ao Grêmio Náutico Gaúcho,
que, através de seus representantes, vem aqui dizer da sua grandiosidade e
também da grande vontade e do grande amor que está integrando essas pessoas
para que o clube consiga progredir, fazendo com que todo o Bairro Menino Deus,
todos os seus associados, todos os seus simpatizantes possam se sentir
orgulhosos de ali estar. Um grande abraço a todos e que a Câmara Municipal
possa recebê-los tantas outras vezes para dizer da glória do Grêmio Náutico
Gaúcho.
Está suspensa a Sessão por um minuto para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h30min.)
O SR. PRESIDENTE (às
15h33min):
Reabrimos os trabalhos. O Ver. Geraldo de Matos Filho cede seu tempo para o
Ver. João Bosco, que está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO BOSCO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, trago a esta tribuna - primeiramente, agradeço ao nobre Ver.
Geraldo de Matos Filho, que me cede seu tempo - um assunto que preocupa este
Vereador e talvez preocupe a população de Porto Alegre e que diz respeito às
áreas livres de Porto Alegre, que pertencem à Prefeitura ou a órgãos e ela
ligados. Gostaria que o Ver. João Dib me ouvisse atentamente, pois foi Prefeito
e pode contribuir.
Enviei Pedido de Informações à Prefeitura de Porto Alegre, solicitando
quais eram, quantos eram e as localizações dos terrenos que pertencem à
Prefeitura de Porto Alegre ou aos órgãos ligados a ela. Ontem, pela manhã, tive
a oportunidade de encontrar, na Assembléia Legislativa, o ex-Prefeito Sociais
Villela e tratei desse assunto com ele e com o ex-Prefeito Alceu Collares. A
Assessoria do atual Prefeito Municipal me enviou uma resposta, e tenho certeza
de que o Prefeito Tarso Genro assinou, como assina tantos e tantos documentos,
confiando nos seus assessores, e, para a resposta para o Pedido de Informações
que solicitei para saber quantos, quais e onde estão os terrenos que pertencem
à Prefeitura em Porto Alegre, recebi o ofício dizendo que é impossível, que a
Prefeitura não sabe e que, para saber, é preciso uma visita “in loco”, ou seja,
visitar terreno por terreno para saber quantos são os terrenos que pertencem à
Prefeitura em Porto Alegre. Acho um absurdo isso, porque a Prefeitura deve ter
um cadastro, deve ter um departamento, deve ter controle sobre seus bens. E
pela resposta que deu, que precisa fazer uma visita "in loco" para
saber onde estão os terrenos a ela pertencentes, quais são e quantos são, para
poder fazer visita um a um... Isso é inacreditável! É inacreditável que a
Prefeitura não saiba quais são os terrenos e onde estão os terrenos.
Conversei com o ex-Prefeito Socias Villela e ele disse que no tempo
dele havia um departamento, havia um mapa, e o Departamento de Patrimônio
relacionava essas áreas que pertencem à Prefeitura e a órgãos dependentes dela.
Gostaria de uma resposta mais detalhada. Enviei um novo Pedido de
Informações dando o prazo de mais de trinta dias para que a Prefeitura possa se
pronunciar. Repito: não acredito que o Prefeito Tarso Genro tenha lido essa
resposta enviada a este Vereador e saiba o que o Assessor dele escreveu,
dizendo que, para saber onde estão e quais são os terrenos da Prefeitura,
precisa fazer uma visita “in loco”. Mas para fazer a visita é preciso saber
onde estão. Então, esse Assessor sabe onde estão e quais são os terrenos. Em
segundo lugar, é inacreditável que a Prefeitura não saiba, e, se não tem o
controle, gostaria até de saber do Ver. João Dib, que já foi Prefeito, se na
sua época existia um departamento onde o Vereador ou qualquer pessoa da
comunidade pudesse dirigir-se para saber onde estão e quais são as áreas em
Porto Alegre que pertencem à Prefeitura. Na Divisão de Patrimônios - me
responde o Ver. João Dib.
Repito: recebi essa resposta assinada pelo Prefeito Tarso. Acho que ele
nem leu a resposta que o Assessor colocou no papel, porque se sabe que o
Prefeito, Governador e outras autoridades confiam na sua assessoria e assinam
inúmeros documentos durante o dia. Esse Assessor deveria ir ao Departamento de
Patrimônios para dar uma resposta correta a este Vereador. Estive falando com o
Ver. Lauro Hagemann, que me disse que talvez a Prefeitura não tenha mesmo esse
controle, o que é inacreditável. Por isso temos, quem sabe, de aprovar este
projeto que tramita aqui, do banco de terras, do Ver. Lauro Hagemann, para
vermos onde estão esses terrenos, quais são esses terrenos e o porquê das
minhas indagações. Porque existe um projeto de 1991, de minha autoria, e que já
é lei, e essa lei autoriza a que a Prefeitura possa transformar em áreas de
esportes e lazer os terrenos a ela pertencentes em Porto Alegre, fazer áreas de
esporte e lazer temporariamente. É lei desta Casa, só que nunca conseguimos
cumprir essa lei porque a Prefeitura não sabe indicar o Departamento, quais os
terrenos e onde estão os terrenos. Então, essa resposta de informar ao Vereador
que é preciso ir “in loco” para ver onde estão os terrenos não existe.
O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, leio atentamente o Projeto de Lei de V.
Exa. que trata da isenção do pagamento do IPTU. Acho meritório; é uma matéria
interessante. A minha preocupação é: se o Executivo Municipal não tem o
controle dos terrenos, talvez - e aí a minha dúvida - também não tenha dos que
pagam. Existem normalmente os terrenos que são da iniciativa privada e que
estão recolhendo. Esse controle dos que estão em dia e pagando os impostos...
Talvez já começo a duvidar desse dado, se estão realmente cumprindo como
deveriam.
O SR. JOÃO BOSCO: Acolho o seu aparte, pois é
uma preocupação também. Já havia falado anteriormente aqui, nesta tribuna, a
respeito deste Projeto que apresento, e que tramita em 1ª Sessão, de isentar do
IPTU as pessoas que colocarem à disposição da prática esportiva e eventos
culturais de Porto Alegre seus terrenos. Vem ao encontro até para tentar ajudar
a Prefeitura, que diariamente recebe pedidos de doação de áreas. Agora: não
posso me conformar - já falei até com o nobre “Embaixador” Adaucto
Vasconcellos, meu colega jornalista, que concorda comigo - que nem o Prefeito Tarso
Genro sabe dessa resposta que esse Assessor deu. O Prefeito assina duzentos ou
trezentos, quinhentos documentos durante o dia. Agora: é brincadeira uma
resposta dizendo que tem que ir “in loco” visitar terreno por terreno para
saber quantos são e onde são!
Gostaria de informar, para encerrar, que - não sei se os Vereadores
sabem, se a população conhece -, para se abrir em Porto Alegre qualquer
academia esportiva e qualquer escolinha de futebol, basta fazer um requerimento
à SMIC para a mesma fornecer um alvará. Então, apresentei um projeto nesta
Casa, na semana passada, que irá tramitar, para se colocar um basta nisso aí,
porque a SMIC dá o alvará, só que a SMIC não sabe em que condições irão
funcionar essas academias, em que condições estaremos entregando os nossos
filhos para a prática do esporte. Então, eu protocolei nesta Casa um projeto e
espero o apoio dos nobres Vereadores e Vereadoras no sentido de que a SMIC só
libere esse alvará depois que a federação do respectivo esporte der um parecer
sobre o projeto e depois que a Secretaria Municipal de Esporte, através dos
seus técnicos, faça uma visita ao local. Nós não podemos deixar proliferarem
academias, escolinhas de esportes, apenas com alvará da SMCI. E a SMIC dá o
alvará dentro daquilo que lhe compete - não sabe como funciona, não sabe se o
proponente, o dono da academia tem condições, se ele é talhado para essa
prática. Então, a partir de agora, se essa lei for aprovada, eu espero a
regulamentação dessa prática da abertura de academias, escolinhas de futebol em
Porto Alegre.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para contribuir com o seu pronunciamento. Quando eu
fui Presidente da Comissão de Educação na Assembléia Legislativa, eu me
defrontei com o problema das academias de artes marciais. Fui a Brasília, Rio,
fiz um trabalho enorme sobre isso. No primeiro ano foi observado e depois não
mais. Eu lhe perguntaria: esse alvará é de habilitação ou de localização?
O SR. JOÃO BOSCO: É um alvará para
funcionamento, é um alvará de localização para o funcionamento, porque é um
estabelecimento comercial.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Então, eu queria dizer que localização é uma coisa,
habilitação é outra coisa. Eu sugiro que V. Exa. procure cuidar disso, porque
pode localizar. Agora, pergunta a quem vai localizar? V. Exa. tem condições de
dinamizar o que quer localizar? É outra pergunta.
O SR. JOÃO BOSCO: Acolho o seu aparte. Para
terminar, Sr. Presidente. A partir do momento em que a SMIC dá esse alvará de
localização, a academia passa a funcionar porque não tem um controle. Então,
por isso que este Projeto vem a esta Casa, para tentar uma correção. Só vai ser
liberado esse alvará depois que a federação desse esporte der um parecer sobre
o projeto e depois que a Secretaria Municipal de Esporte, através de seus
técnicos, fizer uma visita para ver se realmente essa pessoa está capacitada.
Peço desculpas ao Ver. Milton Zuanazzi por não ter concedido seu aparte. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Mário Fraga, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no período de 11
a 15 de abril de 1994.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Mário Fraga, e dada
posse ao suplente, conforme consta na Ata.)
Ver. José Gomes. Ausente. O Ver. Pedro Américo Leal cede seu tempo à
Vera. Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, comunidade que se faz presente hoje, na Câmara
Municipal, acompanhando o dia-a-dia da nossa Cidade e lutando pelos seus
direitos. Eu agradeço, num primeiro momento, a gentileza do Ver. Pedro Américo
Leal, que me cedeu o seu tempo no período das Comunicações neste dia.
Ocupo a tribuna com o objetivo de discutir com os senhores o
desdobramento que está sendo dado, acompanhado por esta Casa, acerca da questão
da Escola Municipal João Satte. A rede municipal de ensino nos é muito querida
e os Vereadores de Porto Alegre têm a obrigação política e regimental de
acompanhar as escolas públicas municipais nas suas dificuldades, nos seus
diversos momentos, e assim estamos fazendo. A Comissão de Educação desta Casa
acompanha, em todos os momentos, as comunidades da Região Norte da Cidade, que
se vêem em dificuldades frente à administração equivocada que a Prefeitura de
Porto Alegre está desenvolvendo, de uma forma muito particular quanto à Escola
Municipal João Satte. Hoje, às 16h30min, deveremos ter, no âmbito da Comissão
de Educação, a presença da Secretária Municipal de Educação com o objetivo de
se buscar uma solução para o problema que já é conhecido de todos vocês. A
verdade é que a situação está-se agravando. Apesar das nossas tentativas de
chegarmos a um acordo, a uma solução, a situação se agrava porque não houve
discussão com a comunidade escolar acerca das modificações que a SMED está
promovendo e que fecham quatro salas de aula de atendimento de pré-escolar, que
atendiam duzentas crianças o ano passado, para oferecer uma escola infantil,
construída no espaço físico da escola, com atendimento para cento e vinte
crianças. Os números aqui falam mais do que qualquer coisa. Atendiam-se
duzentas crianças em meio turno no ano passado e agora vai se passar a atender
cento e vinte crianças, com o alijamento da escola daqueles alunos que
possivelmente se matriculariam na escola neste ano, moradores do Parque dos
Maias. Acho que tudo isso está ferindo enormemente os compromissos da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre com a nossa população. Peço à bancada do Governo
que interceda para que essa discussão possa fluir em melhores condições na
Secretaria de Educação, assim como, conjuntamente com a comunidade, hoje
pedimos ao próprio Prefeito Tarso Genro a sua intercessão.
Leio hoje, aqui, no material da SMED, Anexo 11, lançado no início do
ano passado como programa de governo para a área de educação, que o trinômio
participação/descentralização/autonomia para as escolas municipais era o
trinômio principal em torno do qual se tocaria toda a política do Município. Vejam
V. Exas. que a participação é tida nesse documento da própria SMED como a
principal característica da política educacional e que, nessa linha, segundo o
documento, a comunidade escolar seria chamada não como prestadora de serviços,
mas para participar, para dividir com o Poder Público institucional as decisões
e controle da gestão pública. Fere-se o critério de participação que a própria
Prefeitura se propõe quando não se consulta o Conselho Escolar, a Direção da
Escola e a comunidade sobre modificações que afetam o cotidiano da vida dos
cidadãos que estão sob a mercê, eu diria - e me pesa essa palavra -, do
autoritarismo que a Secretaria Municipal de Educação está demonstrando na
relação social que estabelece. Ainda, Srs. Vereadores, o documento da SMED fala
em descentralização e diz que essa descentralização implica a desconcentração
do poder de decisão. Não consiste na transferência, mas na possibilidade de,
para qualificação dos serviços, o poder central se colocar a serviço da escola
e da comunidade escolar, e não o inverso.
Pois, Srs. Vereadores, o princípio de descentralização, que a própria
SMED coloca ser o princípio do seu trabalho, está sendo ferido, porque essa
comunidade escolar não tem tido a possibilidade de ser ouvida. E,
lamentavelmente, a Secretaria de Educação repete, a cada vez que nós
conversamos com ela, as mesmas coisas, não ouvindo aquilo que os Vereadores de
Porto Alegre estão-lhe dizendo, não ouvindo o que a comunidade está-lhe
dizendo. Então, mais um princípio ferido. E, por fim, me parece que se fere, em
absoluto, o princípio de que a escola deve ter autonomia, o princípio de que a
autonomia da escola possibilita que nas suas instâncias - Conselhos, Direção,
órgãos como grêmio de alunos, grêmio de professores - essa escola deve poder
definir sobre o seu dia-a-dia, sobre a sua política, desde a questão pedagógica
até a questão administrativa. Como a comunidade luta, não se pode querer que
ela não lute pelos seus direitos, não se pode querer que uma comunidade olhe
para a sua escola, veja as salas de aulas serem fechadas e não tome
providências sobre aquilo que lhes é tirado.
A comunidade do Parque do Maias, que nos procurou e que tem encontrado
nesta Casa apoio de diversos Vereadores, e muito particularmente da nossa
Comissão de Educação, ela luta por uma escola que conquistou com muita
participação e a partir do seu movimento organizado. Eu acho que a
Administração Municipal de Porto Alegre, que tem tido uma trajetória de
democratização das instâncias, neste momento fecha os olhos para a luta de uma
comunidade escolar, e, se nós queremos resolver os problemas das escolas
públicas, da demanda de educação da Zona Norte, nós precisamos, Srs.
Vereadores, ouvir, em primeiro lugar, o que os envolvidos no processo têm a
dizer. E, do que eu escuto de pais, alunos, professores, funcionários e Direção
da Escola João Satte, nós queremos, muito especialmente, dizer que não tem sido
ouvida pela SMED.
Nós ouvimos aqui, nesta Câmara Municipal, que é possível se encontrar
uma solução discutida, que é possível encontrar esta solução se nós devolvermos
estas salas de aula para a Escola Municipal João Satte para que ela tenha o seu
funcionamento regular. Não é o que acontece. A comunidade, mais uma vez, foi
surpreendida por uma convocação no início das aulas na escola infantil sem a
discussão com eles. E a SMED convoca a comunidade para uma discussão às 10h da
manhã, dia 11 - hoje -, na sua sede. Eu quero dizer aos senhores que nós não
podemos fazer dessa forma, aqui, uma convocação. Se vários segmentos estão
dizendo que é importante retornar as salas de aula para o João Satte, se faz
uma convocação para iniciar as aulas na escola infantil nova, na Nova Gleba,
que vai poder atender menos crianças do que atendia na João Satte, nos parece
que há um contra-senso. Se houve um equívoco no planejamento dessa escola, que
a Secretaria assuma o equívoco e diga: "A partir de agora, com o conjunto,
com a sociedade, com a Câmara Municipal, nós vamos tentar resolver o problema
humildemente." É preciso, às vezes, ter a humildade de dizer que nós nos
equivocamos com um programa como este. Eu acho que é isso que aconteceu. Eu
estou acreditando num equívoco. De nossa parte, Srs. Vereadores, nós
reconhecemos que é uma instância importante, mas que não representa totalmente
uma sociedade que tem múltiplas formas de se fazer representar e lutar pelos
seus direitos - particularmente, no âmbito da escola, as entidades que fazem
parte da escola e o Conselho Escolar, que é uma conquista de todos nós.
Para finalizar, Srs. Vereadores, quero dizer que li, daqui da tribuna,
o Anexo 11 das Diretrizes da Administração Municipal para a área da educação,
que prevê autonomia, descentralização e participação para as comunidades e para
a escola pública municipal, e me parece que isso não está sendo cumprido. Mais
uma vez, com a Secretaria de Educação, nós vamos colocar na mesa essa questão,
na Comissão de Educação, e exigir uma solução. Muitas vezes a gente não acerta,
mas é importante ter a humildade de reconhecer, ter o retorno e poder atender de
pronto as necessidades da sociedade de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós estamos vendo a comunidade do Parque dos Maias, da Escola
Municipal João Satte. Os cartazes dão bem uma dimensão do problema que esses
pais e estudantes estão vivendo, o questionamento e a democracia. É bom que
todos nós olhemos esses cartazes, leiamos com atenção, porque eles nos dizem
muito.
Eu já vim a esta tribuna por duas vezes me manifestar em relação a esta
questão, e hoje essa comunidade deu uma prova muito forte ao Prefeito Municipal
de Porto Alegre - o Dr. Tarso Genro - daquilo que eles querem. Esses pais que
aí estão não vão abrir mão do direito deles. Esses alunos não vão abrir mão de
duzentas vagas que eles têm para trocar por cinqüenta. Só se eles fossem
loucos, e eles não são, são bem conscientes. São pais que sabem o que querem. O
que eles não podem é ficar pensando que hoje é dia 11 de abril e os filhos
deles continuam em casa, ou, quem sabe, estão querendo que eles vão para a rua,
para fazer aquelas ideologias que todo mundo gosta de chamar: "menino e
menina de rua". O Prefeito de Porto Alegre tomou uma atitude muito correta
ao receber a comunidade, mesmo sem ter sido agendado, mas reconhecendo o
direito da comunidade de reivindicar.
Eu tenho falado sempre do desperdício do dinheiro público. Os
professores do pré-escolar que lecionavam no João Satte até hoje não deram
aula. Estão parados, e nós estamos pagando o salário deles. Eles querem
trabalhar e não podem, e as crianças querem aula e não têm. Onde está a lógica
disso aí, Srs. Vereadores? É o total desperdício do dinheiro público. Onde já
se viu? Deixam os professores sentados e as crianças sem aula! Por outro lado,
como vamos admitir impor a uma comunidade querer usar práticas totalmente
antidemocráticas? Como é que não vamos conversar com a comunidade da escola,
chegar e dizer que vão pegar uma parte do terreno? "Vamos construir aqui,
e vocês se virem." Onde é que nós estamos? Eu não vi ainda tamanha
arbitrariedade, e já vi bastantes arbitrariedades na área da educação e tenho
lutado contra essas arbitrariedades há mais de dez anos. Mas essa me pasmou.
Simplesmente, na escola, ninguém foi consultado. Fizeram a tal escola infantil
que queriam fazer - e, diga-se de passagem, é bom que façam; quanto mais
escolas fizerem melhor. Agora: não simplesmente dizer à comunidade que vão
tirar duzentas vagas do pré-escolar, que vão acabar com o pré-escolar da escola
e vão dar de volta cinqüenta e quatro matrículas para o pré-escolar e as demais
para as crianças de zero a quatro anos. Ora, isso não tem lógica, Srs.
Vereadores. A Vera. Letícia Arruda, que conhece bem o problema, tem lutado
conosco, Vereadores da Comissão de Educação, Ver. Geraldo de Matos Filho, Ver.
Décio, Vera. Helena Bonumá. Enfim, queremos é encontrar uma solução. A solução
passa, em primeiro lugar... É disso que temos que ter consciência, que esses
pais e esses alunos não vão abrir mão das duzentas vagas que há lá. Só se eles
fossem loucos, mas eu já disse não são. São conscientes, sabem o que querem
para os seus filhos: querem é dar educação aos seus filhos. Mas educação não se
faz abrindo mão do que já se tem conquistado. Como é que alguns de nós -
cidadãos de Porto Alegre, membros desta colenda Câmara de Vereadores - vamos
pensar em perder vagas, deixar os alunos em casa e os professores sem trabalho?
E saibam, Srs. Vereadores - os que ainda não conhecem a Escola João Satte -,
que é só V. Exas. irem lá. Vão ver que as quatro salas estão fechadas, e os
professores fazendo plantão de manhã e de tarde, recebendo o salário no fim do
mês e não trabalhando, e as crianças não tendo aula. É inadmissível.
Tenho certeza de que o Prefeito Municipal de Porto Alegre, por tudo que
conheço do Dr. Tarso Genro, ele não vai admitir uma barbaridade dessas. E,
diga-se de passagem, o Secretário substituto foi, na sexta-feira, na Rádio
Bandeirantes e disse um monte de bobagens. Eu me surpreendi com o Secretário
José Clóvis de Azevedo, que foi meu companheiro de lutas pela educação, e foi
agredir a comunidade, hoje estando em um cargo executivo. É para qualquer um
enlouquecer! Qual é a coerência que existe nisso? Um homem que num dia luta
pela educação e no outro termina com duzentas vagas e ainda vai dizer à
comunidade que a comunidade é responsável e que há diálogo! Isso nem é prática,
que eu conheça, do PT; isso não é prática, que eu não conheça, do partido do
Governo. Nunca vi um governo dessa forma, tratar a educação dessa maneira, de
forma alguma.
Está na hora de rever essa questão, e peço aos Vereadores do PT que
revejam essa questão e revejam, também, a SMED como um todo. Já se trocou de
Secretário e a coisa continua de mal a pior. Estão com muita filosofia e pouco
conhecimento. Quando começam a ler demais, começam a se perder. A prática é
outra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra está com a Vera.
Letícia Arruda em Comunicações.
A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, meus amigos do Parque do Maias, crianças aqui presentes, que
estavam desde cedo na frente da Prefeitura. Essa luta, Srs. Vereadores, é
nossa, é desta Casa. A Escola João Satte foi uma conquista muito antiga da
comunidade do Parque dos Maias. Hoje ela está sendo preterida para outra
comunidade.
Nós temos diversos engenheiros aqui. Eu gostaria, Ver. João Dib, que V.
Exa. me explicasse o seguinte: quando nós vamos fazer uma casa, nós
apresentamos uma planta à SMOV, a qual licencia a mesma para a execução dos
trabalhos. Acontece que foram roubadas dessa planta quatro salas de aula para
construção de uma outra escola. Nada contra a escola, mesmo localizada dentro
do terreno da COOPAN, mas contra, sim, à posse ilegal dessas quatro salas.
É preciso que alguém investigue e vistorie as obras das escolas
infantis de Porto Alegre. Nós estamos aqui com mais de duzentas crianças sem
matrícula, sem entrar na sala de aula. Temos uma comunidade que trabalha todo o
dia perdendo seu tempo para pedir aquilo que tem direito. Nós, do PDT, que
durante tantos anos lutamos pela educação, estamos indignados com esse
procedimento da atual Administração.
Acontece, Srs. Vereadores, que esta Casa é a voz do povo de Porto Alegre.
Aqui, vocês têm o direito de vir todos os dias, mas não precisam, em nenhum
momento, humilharem-se para ter aquilo que é de direito de vocês. Nós temos a
consciência de que não se brinca em fazer leis, e não se brinca, Ver. Henrique
Fontana, em se tratando de educação, também. Eu sei que V. Exa. vai dizer que
as duas comunidades são iguais; nós sabemos disso. Na Escola João Satte, 67%
das crianças são de outras comunidades, que eles acolhem muito bem. É uma
região onde todos se dão muito bem e o problema dessa escola infantil está
trazendo algumas desavenças na comunidade que não seriam necessárias. Eu
pergunto mais uma vez. No início deste ano, quando as crianças deveriam iniciar
as aulas no pré do João Satte, a Diretora da escola, Dona Salete, foi comunicada
de que não haveria mais a pré-escola. Onde está a gestão democrática do PT?
Como que uma Diretoria se vê com quatro professoras à sua disposição, na sua
escola, sem trabalhar durante todos esses meses? Então, eu faço aqui as minhas
indagações.
Nós queremos as salas do João Satte de volta e queremos que funcione a
escola infantil. Não há óbice algum de toda a comunidade. Nós queremos, também,
que as duas comunidades sejam tratadas do mesmo modo, na mesma altura e que as
aulas reiniciem o mais breve possível, sem brigas. Não queremos que as crianças
continuem sendo prejudicadas, as mães afastadas dos seus lares, aqui, durante
mais de uma semana, vindo diariamente à Câmara, vindo às reuniões, se
mobilizando. Passaram o fim de semana sem dormir, nervosas porque não veio uma
solução. Por isso, Ver. João Verle - eu sei que V. Exa. esteve na escola, eu
sei que V. Exa. é uma pessoa coerente, consciente com os problemas da Cidade e
por isso foi pessoalmente verificar o problema -, eu creio que V. Exa. pode interceder
junto ao Prefeito, bem como o Ver. Décio Schauren. Há uma maneira mais amena de
resolver esse problema, que é na vontade política, e não dentro dos ditames que a Secretaria está ordenando
atualmente.
Era isso que eu queria dizer e quero tranqüilizar os moradores do
Parque dos Maias de que não existe nada, nenhuma briga entre vocês e as
comunidades ao redor. Eu espero um futuro melhor para todos vocês e que todas
as conquistas que vocês tiveram até hoje, lá, sejam realmente reconhecidas por
esta atual Administração. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está
com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, senhores pais e crianças aqui presentes, nos ouvindo neste momento.
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores e o próprio Governo entendem que a luta e a reivindicação do
Parque dos Maias é absolutamente justa e legítima. Em nenhum momento
contestamos isso, porque isso faz parte da democracia.
A Comissão de Educação da Câmara, à qual eu pertenço, já recebeu
moradores da Nova Gleba, do Parque dos Maias, e recebeu a Secretária da
Secretaria Municipal de Educação. Em primeiro lugar, temos que ouvir todos os
lados - dois, três ou quatro - para saber, exatamente, o que está ocorrendo.
Então, esse é o procedimento adotado por nós. Eu quero dizer que a Comissão de
Educação tem uma reunião com a Secretária de Educação, mais uma vez, hoje à
tarde. Evidentemente que, a partir da primeira conversa com a Secretária,
esperamos que haja uma evolução no sentido de solucionar o problema. É
importante deixar claro para os Vereadores que estão envolvidas várias
comunidades na questão das vagas da Escola João Satte e da Escola Infantil Nova
Gleba. Há a comunidade do Parque dos Maias, a comunidade da Nova Gleba, a
comunidade do Guapuruvu, a do Fernando Ferrati. Então, são várias comunidades
envolvidas nisso.
Eu conversei, após o meio-dia, com a Secretária da Educação e com o
Prefeito e há uma disposição de discutir com a comunidade a ocupação daquelas
vagas, porque havia quatro salas da João Satte que eram ocupadas pela
pré-escola e essa pré-escola tinha dois turnos. Agora está sendo inaugurada uma
escola infantil que vai ter cento e vinte vagas em tempo integral e, segundo
manifestação da SMED, há uma disposição de discutir isso com a Direção do João
Satte e com a comunidade e manter as quatro salas em meio turno e turno
integral para a escola infantil. Parece-me que é isso o que a comunidade pede,
porque fui a uma assembléia do Parque dos Maias... (Apartes nas galerias.) Bem:
pelo menos da maioria dos pais eu ouvi isso na assembléia. (Apartes nas
galerias.)
O SR. PRESIDENTE: Senhores, quero dizer que
são todos muito bem-vindos aqui, mas esta Casa, realmente, é um local onde as
idéias estão sempre em divergência. Então, por favor, da mesma forma como
tiveram paciência em ouvir os outros Vereadores, continuem ouvindo as idéias
que estão sendo expostas pelo Ver. Décio Schauren.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Eu disse, no início, que
nós, enquanto Vereadores, temos que ouvir todos os lados. Recebemos duas
comunidades aqui. Fui lá, na reunião, e ouvi o que os pais disseram. Pode haver
divergências entre a maioria dos pais e algumas pessoas. Nem sempre vai se
chegar a um consenso, mas o que eu estou dizendo é o que ouvi da maioria das
pessoas, e estou dizendo também o que ouvi hoje da SMED e do Prefeito: que há
uma disposição de discutir com a comunidade a ocupação das vagas dessas quatro
salas além das cento e vinte vagas da escola infantil.
Para concluir, quero dizer também que é importante que a comunidade
crie uma comissão para discutir os critérios de ocupação dessas vagas, porque,
evidentemente, qualquer líder comunitário sabe que é impossível discutir-se
isso numa grande assembléia. Não se chega a lugar nenhum. Quero também dizer -
porque a Vera. Letícia Arruda falou numa reunião no Parque dos Maias - que essa
escola infantil estaria ilegal, e eu
espero que a Vereadora não queira fechar a escola alegando que ela é ilegal,
porque nós precisamos - aliás, temos de - abrir o maior número de vagas
possível, pois são seiscentas e cinqüenta crianças inscritas.
Eu só quero referir-me a um fato - é importante referir hoje: a Escola
Agrônomo Pedro Pereira, da Agronomia, foi assaltada neste fim de semana pela
trigésima quinta vez. Apesar dos insistentes pedidos, a Secretaria Estadual de
Educação não tem tomado medidas contra isso. Já caiu o piso de uma sala, já
caiu o teto de outra, e os pais não estão sendo atendidos. Quero colocar este
fato para dizer que, pelo menos dessa forma, a nossa Administração não trata a
questão da educação. Pode haver problemas isolados, mas temos que olhar o
conjunto também. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2793/93 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Nereu
D’Ávila, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 41/93, de autoria do
Ver. Henrique Fontana, que regulamenta a obrigatoriedade da apresentação de
declaração de bens, conforme determinam os artigos 17 e 18 da Lei Orgânica do
Município, e dá outras providências.
PROC. 3111/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
162/93, de
autoria do Ver. Mário Fraga, que altera dispositivos das Normas Gerais de
Empreitadas aprovadas pela Lei nº 3876, de 31 de maio de 1974.
PROC. 0601/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 06/94, de autoria do Ver. João Bosco, que isenta do pagamento do IPTU os
imóveis que possibilitarem a prática desportiva e de atividades artísticas
populares e culturais, e dá outras providências.
PROC. 0661/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
22/94, de
autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que denomina Rua Fábio Carneiro Lima um
logradouro público localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 2987/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
153/93, do
Vereador Mário Fraga, que dispõe sobre a construção de abrigos para passageiros
de ônibus, e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 0478/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
08/94, do Vereador
Jocelin Azambuja, que denomina Plenário Getúlio Dorneles Vargas a Praça Cívica
existente no Largo Valneri Antunes, situado em frente à Câmara de Vereadores, e
dá outras providências. Com Emenda nº
01.
PROC. 0487/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
10/94, do
Vereador Jocelin Azambuja, que declara de utilidade pública o Círculo de Pais e
Mestres da Escola Municipal Senador Alberto Pasqualini.
PROC. 0603/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
16/94, do
Vereador Nereu D’Ávila, que denomina Rua Prof. Aslid Gick um logradouro
irregular, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 3108/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
159/93, do
Vereador Mário Fraga, que altera a Lei nº 2312, de 15 de dezembro de 1961, que
cria o Departamento Municipal de Água e Esgotos.
PROC. 0526/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
EXECUTIVO Nº 005/94, que altera dispositivos da LC nº 306, de 23 de dezembro de 1993, e dá
outras providências.
3ª SESSÃO
PROC. 3090/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 39/93, do Vereador Gerson Almeida,
que institui a Semana de Artes Plásticas Vasco Prado da Câmara Municipal de
Porto Alegre e cria o Prêmio Vasco Prado.
PROC. 0740/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 10/94, do Vereador Divo do Canto, que determina a obrigatoriedade da
colocação da numeração predial em local visível.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, se não fizessem tantas leis nesta Cidade, neste Estado e neste
País, talvez essas crianças não estariam aqui hoje porque as coisas seriam
claras e até insofismáveis. Mas fazemos leis, dizendo que está tudo certo, mas
não damos o direto para quem tem tudo certo. Portanto, as crianças vão sair sem
saberem se está ou não certo.
Mas o Ver. Mário Fraga apresenta um Projeto de Lei que dispõe sobre a
construção de abrigos para passageiros de ônibus e dá outras providências. Já
existe a Lei nº 2.878, de dezembro de 1965, mas estou disposto a afirmar que
existe outra lei que trata do mesmo assunto. O Projeto do Ver. Mário Fraga está
contido integralmente na lei, e ninguém aceita fazer abrigos na forma que a
Prefeitura propõe. Só que agora o Ver. Mário Fraga tornou mais difícil:
diminuiu o prazo de cinco anos de publicidade para dois anos e disse que deve
ser abrigo de concreto em zona que não há passageiros. Então, acho que não
temos que fazer lei; até, se tivermos que fazer lei sobre abrigo de ônibus, eu
daria à EPATUR a condição de resolver, porque a maneira de fazer a concorrência
é completamente diferente. Quero ver fazer uma concorrência no Executivo para
botar abrigo de ônibus.
O Ver. João Bosco traz uma idéia que entendo como excelente, mas o
Executivo Municipal não parece estar de acordo. Está propondo a isenção de IPTU
para terrenos que sejam utilizados para a prática de esportes e atividades
culturais, e parece que a Administração Municipal não quer dispensar ninguém.
Mas isso é uma coisa excelente. Nova Iorque é uma cidade com dez milhões de
habitantes, com terrenos na 5a. Avenida, supervalorizados, e oferece terrenos
desse padrão. O Ver. Ferronato também andou estudando o assunto. São terrenos,
em Nova Iorque, que são entregues ao uso da população e que são chamados
“pátios de recreio”, onde a população pode, naquela balbúrdia toda da cidade
movimentadíssima, sentar, e até as luzes apresentam uma cascata improvisada.
São locais onde a pessoa pode escrever, pensar ou apenas olhar o movimento da
cidade. E as pessoas não pagam impostos enquanto não constroem. Para a Cidade é
muito bom, mas a Administração da Prefeitura, que sabe que os jovens e os pais
que saíram daqui têm direito ao que estão reivindicando e não lhes dá o
direito, também, provavelmente, não vai atender ao que preceitua o Projeto de
Lei do Ver. João Bosco Vaz. Mas eu espero que, de repente, o Prefeito Tarso
Fernando Genro, que é muito mal-assessorado, tome a si um pouco mais das
atividades. Ele que analise e dispense um pouquinho os seus assessores, porque
eu confio na perspicácia, na sensibilidade do Prefeito Tarso Genro.
É possível que o Projeto do Ver. João Bosco venha a ter sucesso e que
venha a fazer com que Porto Alegre tenha muitos recantos bonitos. E o Projeto
Substitutivo do Ver. Nereu D’Ávila - ele já está revisando - saiu com uma
alteração pequena. Eu acho que é absolutamente correto e deve prosperar, porque
o homem público, o legislador, não tem nada a esconder dos seus eleitores, dos
seus representados, e nós podemos ter aqui um belíssimo documento a partir
desse trabalho do Ver. Henrique Fontana e do Ver. Nereu D’Ávila. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto
Ferronato para discutir a Pauta.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu vou iniciar falando do Projeto do Ver. João Bosco que trata da
isenção sobre áreas para definição de esportes. Eu acho que é interessante e
positivo, mas ainda parto da minha proposta, que tenho apresentado há muito
tempo e tenho perdido com freqüência nesta Casa. Eu acredito no seguinte: ao
invés de isentar-se pura e simplesmente, é positivo que o proprietário do
imóvel ceda esses imóveis como praça temporária para as entidades e ali se
coloque lazer, esporte, cancha de bocha, uma série de outras atividades que
podem ser desenvolvidas. Ou seja: tem benefício o proprietário do terreno não
construído e tem muito benefício a Cidade no seu todo.
Os proprietários desses inúmeros terrenos baldios, normalmente com as
calçadas em frangalhos, porque eles moram numa região bastante nobre, com um
passeio público importante, usam esses terrenos, normalmente, para especular,
terrenos que estão em péssimas condições, sujos, servindo de depósito de lixo,
grama bastante alta, um matagal. O que ocorre? Seria importante que o Executivo
estudasse uma forma de incentivar os donos desses terrenos não edificados para
que possam ser adotados como praça temporária, e para tal cobraríamos o IPTU e
também o IPTU progressivo no tempo. A lei diz: até tantos metros ou acima de
"x" metros não paga, tendo IPTU progressivo. Quem tem "x"
menos um, este não tem mais IPTU progressivo. Acho que seria possível que todo
terreno tivesse IPTU progressivo, salvo se ele for colocado como praça
temporária em nossa Cidade. Nós colocaríamos o nosso campo de futebol de salão,
cancha de bocha, equipamentos para crianças, etc.
Essa é a primeira observação que eu gostaria de fazer quanto ao Projeto
do Ver. João Bosco, que tem pontos importantes.
Quanto ao Projeto do Ver. Mário Fraga a respeito da autorização para se
construírem abrigos nas paradas de ônibus em nossa Cidade, acho que é importante
analisar uma lei de minha autoria que já foi aprovada nesta Casa, e com
reflexos positivos - a lei de adoção dos acessos da Cidade, de abrigos, praças,
etc. -, dizendo o seguinte: os acessos de Porto Alegre são mal-iluminados,
malcuidados, não estando bem. O que ocorreu com a figura do Laçador, ali, nas
proximidades do Aeroporto? Uma empresa a adotou, colocou uma pequena placa com
sua publicidade, ganhando, com isso, a Cidade, quem a visita, e a empresa que
adota esse sistema. Nós temos, em Porto Alegre, uma lei que diz que, se alguém
adotar ou mantiver um abrigo de ônibus, deixá-lo adequado, bonito, confortável,
de acordo com as regras de regulamento do Executivo, é permitido por lei, em
Porto Alegre - projeto de minha autoria e aprovado por unanimidade da Casa -,
que essa empresa possa ali colocar uma publicidade do seu estabelecimento. É
importante se manter este sistema, e até a sua divulgação seria interessante,
até porque o exemplo nós temos - volto a frisar: a figura do nosso gaúcho, que
foi adotada e está muito interessante. Vamos manter esse tipo de proposta, que
acredito que seja melhor, e aproveito para cumprimentar o Vereador por sua
preocupação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Houve uma controvérsia na
Sessão passada, quando ficou uma questão levantada pelo próprio Ver. Nereu
D’Ávila, a qual respondi, não como Presidente da Casa, mas como Vereador, a
respeito de decoro parlamentar.
Existe no Regimento Interno da Câmara Municipal - art. 217 - algo que
acredito que sirva para nos balizar com referência à questão. (Lê.): "O
Vereador que descumprir os deveres do seu mandato ou praticar ato que afete sua
dignidade estará sujeito ao processo e às medidas disciplinares previstas neste
Regimento. Considera-se atentatório ao decoro parlamentar usar em discurso ou
proposições expressões que configurem crimes contra a honra ou contenham
incitamento à prática de crimes. Parágrafo 2º - É incompatível com o decoro
parlamentar o abuso das prerrogativas constitucionais asseguradas a membros da
Câmara Municipal, a percepção de vantagens indevidas, a prática de
irregularidades graves no desempenho do mandato ou de encargos dele
decorrentes."
Iríamos pedir à Auditoria que nos definisse corretamente, mas acredito
que este art. 217 nos baliza com referência ao decoro parlamentar.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, com todo o respeito que devo a V. Exa. e ao Regimento Interno,
creio que deva ser mantida aquela solicitação à Auditoria porque, efetivamente,
sendo uma inovação da Constituição Federal, acolhida na própria Lei Orgânica, a
questão da inviolabilidade de proteção ao Vereador no exercício da integração
do mandato deve ser respeitada. Solicito que V. Exa. pergunte à Auditoria qual
a natureza jurídica da inviolabilidade do Vereador e suas repercussões no
decoro parlamentar.
O SR. PRESIDENTE: Certo, Vereador.
Solicitamos, então, à Diretoria Legislativa que continue com a reivindicação
junto à Auditoria da Casa para que esta se manifeste sobre o art. 217 do nosso
Regimento.
O SR. JACÃO MACHADO (Requerimento): Sr. Presidente, solicito inversão na ordem dos
trabalhos, passando a Ordem do Dia para antes do Grande Expediente.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento
do Ver. Jacão Machado. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO contra o
voto do Ver. Guilherme Barbosa.
Constatada a existência de quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1470/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
73/93, do
Vereador Jocelin Azambuja, que autoriza o Poder Executivo a criar uma ciclovia
no Parque Marinha do Brasil, complementar o circuito para os ciclistas, para os
pedestres, ampliar o sistema de iluminação e dá outras providências.
PARECERES:
- da CCJ. Relator, Ver. Jair Soares: pela
rejeição do Projeto;
- da CFO. Relator, Ver. João Dib: pela
rejeição do Projeto;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Clovis
Ilgenfritz: pela rejeição do Projeto;
- da CEC. Relator, Ver. Geraldo de Matos
Filho: pela aprovação do Projeto;
- da COSMAM. Relator, Ver. Eliseu Santos:
pela aprovação do Projeto.
Obs.: - adiada a discussão por três Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, solicitando adiamento por uma Sessão da
discussão do PLL nº 73/93. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2627/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
133/93, do
Vereador Wilton Araújo, que declara de utilidade pública a Associação Satélite-Prontidão.
PARECERES:
- da CCJ. Relator, Ver. Luiz Braz: pela
aprovação do Projeto;
- da CEC. Relator, Ver. Jocelin Azambuja:
pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 133/93 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando que o PLL nº 133/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2981/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
152/93, do
Vereador Jocelin Azambuja, que denomina Rua Domênico Feoli um logradouro
irregular, localizado no conjunto residencial Rubem Berta - COHAB.
PARECERES:
- da CCJ.
Relator, Ver. Jair Soares: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Clóvis
Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto;
- da CEC. Relator, Ver. Geraldo de Matos
Filho: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 152/93 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, solicitando que o PLL nº 152/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0264/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
04/94, que
revoga os parágrafos 1º e 2º do artigo 4º da Lei nº 7232, de 15 de janeiro de
1993. (Com Emenda nº 01)
PARECERES:
- da CCJ. Relator, Ver. Jair Soares: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CEC. Relatora, Vera. Maria do Rosário:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão (Pausa.) O
Ver. Airto Ferronato está com a palavra para discutir.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, há algum tempo eu gostaria de falar sobre a área da nossa cultura
no Município.
Eu vejo positivas as iniciativas do Executivo, dos Vereadores e da
comunidade, que, de uma forma ou de outra, buscam incentivos a espetáculos e à
arte na nossa Cidade. Gostaria de dizer que sei das exposições de arte da
Cidade, conheço muitos dos expositores, muitas obras importantes. Acho que
merecem uma atenção toda especial e gostaria da atenção da bancada do Governo
na Câmara Municipal e dos demais Vereadores no seguinte sentido: que em todas
as entidades que tratem da cultura, do lazer, da arte, do teatro seja reservado
um espaço, assim como nas entidades públicas, no Município, para o
principiante, para aqueles que não sejam filhos de ilustre pai, porque neste
País, quer queiramos ou não, tem-se visto muita bobagem dos filhos dos ilustres
pais e têm sido geradas, ou não, poucas oportunidades para aqueles filhos de
pais anônimos, que têm procurado, de uma forma ou de outra, mostrar um trabalho
diferenciado à sociedade. Eu acho que seria positivo, num tipo de projeto dessa
natureza, que Porto Alegre inovasse em termos nacionais.
Eu, particularmente, apresentei uma proposta algum tempo atrás, há dois
anos - e não tive retorno do Executivo -, dizendo que Porto Alegre deveria
promover mais ou menos um conjunto de recepção de obras, de poesias, de
músicas, de livros de literatura, de teatro daqueles que querem escrever.
Quantas coisas boas não se fazem neste País porque a pessoa não tem condições
financeiras ou porque não tem uma carreira, não é filho de pais direcionados
àquela área! Tem-se dado espaço muito pequeno, inclusive nos órgãos públicos.
Ou V. Exas. entendem que um pintor de um quadro, por exemplo, sem nome
conhecido, vá concorrer com um pintor famoso por um pequeno espaço nas
entidades - Casa Torelli, Casa Mário Quintana, Usina do Gasômetro? Quem ganha
sempre? O nome ilustre. Então, vamos tentar fazer em Porto Alegre algo
importante: que se mantenha esse tipo de atividade com os nomes ilustres, pois
não sou contra - inclusive sou grato aos serviços prestados à sociedade -, mas
que também se reserve um pequeno espaço nessas entidades para aquela pessoa sem
nome, principalmente, para que tenha, dentro do setor, um incentivo para
mostrar sua arte, sua poesia, sua música, sua dança e assim por diante.
Essa é minha mensagem, que gostaria que fosse estudada pelos órgãos
competentes do Executivo no sentido de que sejam implantados projetos nesses
termos. E, com todo o respeito, direi alto e bom som: o filho do pai ilustre
tem, em qualquer esfera, muito mais oportunidades do que o filho do anônimo.
Pode ser uma pessoa brilhante, só que tem que ter um início, e este início o
Poder Público pode proporcionar. No mais, acredito positiva a proposta do
Executivo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a
palavra para discutir o PLE nº 04/94.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, só para esclarecer o Ver. Airto Ferronato: exatamente porque ele
tem razão é que deveremos votar a favor do Projeto que ora estamos discutindo.
Atualmente, a Lei nº 7.232 prevê, expressamente em seu art. 4º,
parágrafos 1º e 2º, o seguinte: "todas as temporadas para as quais haja
concorrentes habilitados deverão ser ocupadas. Parágrafo 1º - As temporadas que
ainda restarem vagas após o processo de seleção serão ocupadas mediante novo
edital. Parágrafo 2º - As temporadas não ocupadas após o segundo edital ficarão
à disposição da Secretaria Municipal de Cultura." É para evitar que haja
esse controle a partir da própria Secretaria que o Prefeito está revogando
esses dois artigos. Portanto, após vencida a temporada de um espetáculo
teatral, o espaço fica à disposição para ser usado pela Secretaria. Aí, poderá
cumprir aquilo que o Ver. Airto Ferronato está sugerindo: abrir esses espaços
para múltiplas outras iniciativas, inclusive esta, ou seja: possibilitar que os
iniciantes, em qualquer área da cultura, tenham espaço. Isso é uma necessidade
e uma reivindicação da comunidade cultural.
Quem tem um mínimo de relação com qualquer área da cultura deve-se
lembrar que uma das reivindicações mais presentes é a necessidade de criar-se
mais espaço para a apresentação de espetáculos. Esta lei, embora não resolva
esse problema de fundo, está tentando resolver isso que o Ver. Airto Ferronato
apresentou corretamente. Então, para que o pensamento do Ver. Airto Ferronato
seja viabilizado, precisamos iniciar o processo aprovando este Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam o PLE nº 04/94 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com ressalva da Emenda nº 01.
Em votação a Emenda nº 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle, para que o PLE nº 04/94
seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimentos encaminhados à Mesa.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, lemos nos jornais de hoje que o Partido dos Trabalhadores fez sua
convenção no domingo passado. As notícias são claras e dizem que o PT elegia o
candidato do PMDB, Antônio Britto, como seu grande adversário nas eleições do dia 3 de outubro. E
conversávamos agora - eu, o Ver. Pedro Ruas e outros - sobre por que o Britto
seria o adversário do PT. O adversário do PT nas eleições tem que ser a fome, a
miséria, o desemprego, o alto custo das passagens municipais. Esses são os
adversários de quem queira governar o Rio Grande do Sul, independentemente de
qual seja o partido. O Britto está trilhando o seu caminho com aceitação
pública muito boa, com um programa de governo, e não está preocupado em
determinar quem é seu adversário; está preocupado em qualificar seu projeto,
seu programa de governo, e assim penso e entendo que deva ser em todos os
partidos. Vamos pensar em soluções para os problemas do Estado do Rio Grande do
Sul. Isto é obrigação do candidato do PMDB e é obrigação dos demais candidatos
dos outros partidos.
Com a mesma preocupação que entendo que os candidatos devam
preocupar-se com os problemas do Estado, entendo que o Partido dos
Trabalhadores deve preocupar-se, também, com os problemas da Cidade de Porto
Alegre. E aí volto a insistir num tema já batido nesta Casa, mas que para mim,
particularmente, é muito importante, porque se trata do Sport Club
Internacional e da permuta do Internacional com a Prefeitura: Estádio dos
Eucaliptos por uma área que circunvizinha o Beira-Rio.
Quando foi encaminhado nesta Casa, o nobre Ver. Clóvis era, junto ao
Internacional - ajude-me, Vereador, por favor -, aquele que articulava o
Internacional com o Executivo para que, definitivamente, este problema fosse
resolvido. Só que isso era 1989,1990, quando nós já estávamos na Direção e o Pedro
Paulo era o Presidente. Mas o quadro era um. A Cidade de Porto Alegre não tinha
a sua Secretaria Municipal de Esportes. Hoje ela já tem. Então, a preocupação
da área esportiva, parece-me, era um pouco diferente daquela época para esta
época. No ano passado, recordo-me muito claramente, os quatro Conselheiros do
Internacional, eu, os nobres Vereadores Jair Soares, Dilamar Machado e Artur
Zanella, juntamente com o Presidente do Clube, Asmuz, e o Presidente do
Conselho Deliberativo, Luís Augusto Bastian Carvalho, marcamos uma audiência
com o Prefeito Tarso Genro para que retomássemos as negociações, já que o então
Prefeito Olívio Dutra tinha vetado o Projeto desta Casa, e gentilmente o
Prefeito Tarso Genro ficou de encaminhar junto a sua assessoria para dar uma
posição definitiva.
Entendo que não só o Internacional, mas a Cidade deve ter as suas
preocupações. O Internacional hoje utiliza uma área que não é sua - isso tem
que ficar bem claro. Parte do Gigantinho é terreno da Cidade de Porto Alegre.
Ninguém vai, sabemos disso, tirar o Gigantinho dali. Tem que ser legalizado. O
Internacional cada vez mais alastra-se em torno do Gigante da Beira-Rio e seu
parque esportivo porque necessita de mais áreas. Nós estamos desenvolvendo um
projeto-piloto extremamente importante, que é a Vila Olímpica, para as
categorias inferiores. Para que possamos fazer isso, o Internacional necessita
de área física, e não a tem. Então, seria uma maneira de regularizar o que
ainda hoje é irregular - essa área que o Internacional tomou e que necessita -
e para que pudesse ser resolvido o problema do Eucaliptos para o Município de
Porto Alegre. O Eucaliptos tem uma história brilhante dentro do contexto da
Cidade, dentro do contexto do Sport Club Internacional, mas é uma área que pode
ser utilizada não só como área esportiva.
Já que hoje o Município tem a sua Secretaria Municipal dos Esportes, o
Eucaliptos pode, além de ser um grande centro esportivo, ter um posto médico,
salas de aula. Acho que a Cidade necessita disso e o Bairro Menino Deus também,
pois é um bairro de classe média baixa, popular, e está necessitando disso. O
Ver. João Bosco Vaz bate nisto: Porto Alegre não tem áreas esportivas, mas tem
um corpo. Hoje tem sua Secretaria, tem propostas, e entendo que o Estádio dos
Eucaliptos, Ver. Clovis Ilgenfritz, seria um avanço para que pudesse ali ser
desenvolvido, aprimorado o aspecto esportivo, mas também o aspecto social.
Porto Alegre carece de mais postos de saúde - esta é uma preocupação do Ver.
Henrique Fontana - e teríamos ali uma área física muito bem localizada,
central, dentro de Porto Alegre. Poderíamos desenvolver ali, pelo grande espaço
ocioso que ainda tem o Eucaliptos, salas de aula que a Cidade necessita.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queríamos saudar esta sua preocupação. V. Exa. sabe
que já conversamos muito sobre o assunto. Há pouco tempo eu falei com o
Secretário dos Esportes que está respondendo pela Secretaria e até ele
manifestou interesse de o quanto antes a Secretaria entrar para valer nessa
mediação com o Prefeito e com o próprio Internacional melhor. Só queria dizer,
até porque o Ver. Jair Soares não estava na gestão passada quando esta
discussão foi muito interessante aqui na Casa, que há dois aspectos. O primeiro:
nós fizemos um Projeto de Lei, que foi o que desencadeou isso tudo, apenas
dizendo que aquela área onde está o Eucaliptos teria que permanecer como uma
área de cultura, esporte e lazer, um Projeto de Lei que dava um regime
urbanístico de uso da área, e houve concordâncias, só que, como havia
paralelamente o processo de permuta, para que essa permuta se desse por igual,
sem nenhum prejuízo daquelas negociações iniciadas com o Presidente Záchia e
depois com o Presidente Asmuz, pudesse se fazer a permuta da área que o
Internacional tem a mais no Beira-Rio por área do Eucaliptos, que é a proposta
feita, inclusive de comum acordo, que veio a calhar, como uma forma de o
Internacional mostrar sua grandeza, dizendo à Cidade: "Nós queremos esta
área a mais aqui, mas damos a outra lá." E as coisas estão agora assim,
infelizmente, porque a Emenda levou o Prefeito a vetar, e foi derrubado o Veto,
mas aí ele precisou segurar ou entrar na Justiça, não sei de que forma, porque
a área que a Emenda do Ver. Dilamar fazia era uma área que exorbitava muito
aquela capacidade de negociação, mas acho que isso é superável.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: O importante é que se
retomem as negociações, porque o Internacional tem este interesse. Mas a nossa
preocupação, Ver. Clóvis, vem de quando essa comissão de Vereadores e
Conselheiros do Internacional foi falar com o Presidente Tarso Genro e depois
ele mandou uma correspondência para o Internacional dizendo, oferecendo ao
Internacional uma opção de compra. Quer dizer: é desconhecer o momento econômico
do Brasil e, certamente, dos clubes de futebol. Nesta negociação, ele dizia
claramente que o Internacional queria transferir um elefante branco do
Internacional para a Prefeitura. Só que o nosso querido amigo Prefeito Tarso
Genro claramente demonstra que a sua preocupação é administrar a Cidade na sua
gestão somente, mas ele tem que ter essa preocupação para o futuro. Ele
garantiria para a Cidade de Porto Alegre um patrimônio histórico, esportivo,
muito grande, e não se preocupar somente na sua gestão. Traz o Eucaliptos para
a sua gestão e, na medida em que a Cidade tiver a viabilidade econômica de ali
desenvolver algum projeto que se faça,
já está adquirindo o espaço, já está adquirindo o estádio. Quer dizer:
Porto Alegre teria um centro esportivo dentro da Cidade, num bairro
extremamente popular e num bairro de origem e tradições esportivas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol. Ausente. Com a palavra, a Vera. Helena
Bonumá, por transposição de tempo com o Ver. Guilherme Barbosa.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu venho para falar também sobre o caso da Escola João Satte. Eu
acho que, apesar de os companheiros da Comissão de Educação não estarem
presentes, porque justamente estão em uma reunião com a Secretária neste
momento, na Comissão de Educação, é importante que se faça um registro para a
Casa, porque a forma com que essa questão foi tratada até agora pelo
Legislativo parece-me um pouco equivocada, e eu vou dizer por quê. Porque nós
sabemos, e eu acho que é uma compreensão comum de todos nós, o papel importante
que o Legislativo pode ter de mediação em alguns conflitos da Cidade e mesmo em
conflitos entre o Governo e determinados interesses de algum setor da Cidade.
Mas eu caracterizo que o que está acontecendo agora em relação à Escola João
Satte trata-se de conflitos entre interesses de duas comunidades diferentes, e
acho que nós, como Legislativo, bem como o Poder Executivo, temos que, neste
momento, é fazer a mediação, e não simplesmente de uma forma demagógica e
irresponsável, como eu caracterizo alguns pronunciamentos feitos aqui, nesta
tribuna, em relação a esta questão, explorando o conflito, tomando partido no
conflito de uma forma até mesmo leviana, absolutamente parcial, não ajudando a
que se resolva esta questão.
O primeiro ponto que eu levantaria em relação ao problema em si é que,
de fato, é absolutamente desproporcional o barulho feito por alguns Vereadores
em relação a esse tema se não consideramos o problema em si. Nós temos a
construção de mais uma escola infantil na Cidade, o que foi necessidade
apontada por diversas comunidades e contemplada pelo Orçamento Participativo de
1990 e que teve sua conclusão agora no início de 1994. Esta escola abarcou, no
seu projeto, quatro salas de uma escola municipal já existente, a Escola João
Satte. Do que trata o conflito? A comunidade do Parque dos Maias quer, sim, a
garantia de vagas. A Secretaria do Município está com a preocupação, e já
construiu a escola municipal com este objetivo, da ampliação de vagas.
Então, existe
a possibilidade concreta de se ampliar o número de vagas nessa escola infantil.
Nós tínhamos, e foi colocado pela comunidade do Parque dos Maias na reunião da
Comissão de Educação, cento e cinqüenta vagas; nós passamos para cento e
oitenta, e nós temos a possibilidade de ampliar esse número de vagas com essa
nova escola infantil, pois o que a comunidade do Parque dos Maias quer é a
garantia das vagas. O Governo Municipal tem condições de garantir as vagas, as
cento e cinqüenta já existentes, como também um aumento dessas vagas. Agora: o
que é necessário que se diga aqui é que não é isso que os Vereadores vieram
pedir nesta tribuna. O que os Vereadores vieram pedir nesta tribuna é que as
quatro salas de aulas que foram incorporadas no projeto da escola infantil
permaneçam sob a Direção, sob o comando da Direção da Escola João Satte.
Ora, Srs. Vereadores, a Escola João Satte é uma escola de 1º e 2º
graus. Nós sabemos que o seu projeto especial, administrativo e pedagógico é de
uma escola de 1º e 2º graus. Uma escola infantil tem um projeto pedagógico
diferente. Essa escola infantil foi construída de acordo com os outros projetos
de escolas infantis muitas vezes já discutidos nesta Câmara, que inclui
berçário, maternal e jardim. Então, as crianças têm sanitários separados e
adequados a sua faixa etária; as crianças têm refeitório adequado a sua faixa
etária; as crianças de berçário precisam de local para dormir, para se mudar. Então,
é toda uma estrutura diferenciada. É absolutamente estranho pensarmos que possa
ter uma escola infantil onde parte dessa escola é administrada por uma
administração e quatro salas são administradas pelo colégio vizinho. Então, na
realidade, o que a SMED propôs à comunidade foi que se unificasse essa
administração numa escola infantil, com o projeto pedagógico e administrativo
adequado a uma escola infantil que trabalha crianças de zero a seis anos de
idade. E o que a Direção da Escola João Satte pleiteia? A administração dessas
quatro salas de aulas da escola infantil.
A comunidade, me parece, acima de qualquer coisa, tem que saber quem
administra as salas. A comunidade está interessada em vagas para os seus filhos
e está querendo o reinício das aulas.
E um outro dado que foi muito comentado pelos Vereadores desta tribuna
e que para mim não foi esclarecido: a comunidade declarou na Comissão de
Educação que havia vagas no ano passado. Dessas cento e cinqüenta vagas, as
crianças passaram o primeiro ano primário, muitas delas. Ficaram cinqüenta
crianças em nível de pré-primário, de jardim, que estão com as vagas garantidas
na escola infantil. As cinqüenta e quatro crianças que sobraram dessas cento e
cinqüenta do ano passado estão com as suas vagas garantidas. A Secretária
afirmou isso na frente de todos nós na Comissão de Educação. O que a SMED fez,
já que as aulas não iniciaram até agora? Para preencher vagas abertas para novo
projeto da escola infantil foi aberto um processo de inscrição e um processo de
discussão. Temos seiscentas e cinqüenta e uma crianças a mais inscritas, e está
ocorrendo que para essas crianças, para podermos ter um número compatível com o
tamanho da escola, precisamos discutir critérios, e as escolas não estão de
acordo com os critérios. Aí a escola que cedia a escola quer que o critério de
zoneamento seja essencial. As outras comunidades que participam do processo,
que são sete, estão querendo que outros critérios também venham a compor essa
nominata. A SMED já esteve aqui na Casa; está reunida hoje com a Comissão de
Educação e reunir-se-á amanhã com as comunidades.
Em primeiro lugar, quero dizer que os Vereadores fizeram tempestade num
copo d’água. Ser oposição, na segunda gestão da Administração Popular,
realmente, é uma coisa muito difícil, porque, como na questão da educação,
precisa ficar cavocando para fazer uma tempestade, para, inclusive, aparecer em
cima dos problemas da Cidade, que muitas vezes os Vereadores deveriam ser os
primeiros a se interessar em fazer a mediação e buscar as soluções, porque as
soluções não são tão difíceis assim e acho que está sendo usada até de uma
forma indecorosa a diferença e contradição entre algumas comunidades, o que é
preciso que fique registrado.
Quando se começa um processo de democratização numa cidade ou numa
sociedade, e como a sociedade ainda não tinha experimentado, como está
acontecendo com as decisões do Orçamento Participativo e da democratização da
gestão do Executivo Municipal de Porto
Alegre, começam a aparecer as contradições que existem na sociedade, no seio da
própria comunidade. E como o Executivo e o Legislativo devem se portar em
relação a isso? Têm que saber trabalhar na mediação disso, porque nós somos
responsáveis por toda a sociedade, por toda a Cidade e por toda a comunidade.
Então, o nosso papel, quando essas contradições afloram, é sabermos construir a
mediação e construir a melhor solução, e não explorar esse conflito de forma a
tirar vantagens para aparecer, inclusive, várias vezes, para poder ter um
problema na Cidade que seja digno de nota, que seja digno de manchete,
interferindo, inclusive, na busca mais imediata de uma possível solução. Então,
é preciso que essa posição seja revista.
Em segundo lugar, a SMED já abriu um processo de discussão com as
comunidades. É possível se chegar a um acordo. A SMED se dispõe a começar as
aulas com as crianças que já estão com a matrícula garantida, que são as
crianças que ficaram do ano passado, ainda, do Parque dos Maias. A SMED se
dispõe a começar as aulas esta semana ainda e abrir um processo de discussão
dos critérios para selecionar os restantes alunos para compor as outras turmas
que ficam. Então, eu acho que está em andamento. Não é essa tempestade que tem
sido apresentada aqui. Está em andamento um processo de discussão que tem, sim,
respeitado a comunidade, como tem sido, aliás, uma marca da Administração
Popular. Então, acho que deveríamos rever um pouco essa posição do Legislativo,
que está sendo a tônica nesta tribuna, e se empenhar mais, efetivamente, na
busca da solução.
Para finalizar. Não está mais aqui o Ver. Fernando Zachia, que colocou
uma questão na tribuna - queria, neste finalzinho, poder referenciar -, que foi
em relação a por que que o Britto, porque somos oposições ao Britto, por que
que o Britto é nosso adversário. Eu até tinha pensado em discorrer mais sobre
isso, mas acho que, na realidade, o Vereador não considerou que já temos, tanto
no Estado do Rio Grande do Sul como no próprio País, uma tradição de
administração do PMDB. O Governo Sarney foi uma amostra; temos uma maioria do
PMDB no Congresso, já há bastante tempo; tivemos, no Estado do Rio Grande do
Sul, o Governo do Sen. Pedro Simon, que sabemos o que fez com o funcionalismo
público, com a agricultura, com a educação. Então, não é à toa que nos apresentamos
como oposição. Nós temos um acúmulo, um acúmulo histórico de um projeto
diferenciado, radicalmente diferenciado ao projeto do PMDB, ao projeto do PDT e
que se expressa nessa eleição.
Agora, ontem, só para concluir, Sr. Presidente, tivemos a finalização
do nosso encontro estadual, onde foi lançado oficialmente o Olívio Dutra como
candidato ao Governo do Estado e onde foi reforçado todo o programa que temos
para o Estado do Rio Grande do Sul, que é radicalmente diferente na medida em
que busca aplicar no Estado alguma coisa que, em nível inicial, já temos
desenvolvido em Porto Alegre.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Constatada a inexistência
de quórum, declaramos encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 17h09min.)
* * * * * .